Palavras, expressões e algumas irritações: sucessão

Autarquias e liderança do PSD são exemplos actuais de “sucessão”. O caso mais inverosímil de “substituição no desempenho de uma função ou cargo” terá sido o de Inês de Medeiros, que venceu a Câmara de Almada para o PS

“Acto ou efeito de suceder”, eis uma das definições (óbvias) do dicionário. Mas vai sendo mais minucioso nas explicações que se seguem sobre a palavra, de origem latina, “sucessão”.

Uma delas é “herança”, outra é “substituição no desempenho de uma função ou cargo”. É esta que justifica a escolha do vocábulo para espelhar os últimos dias.

Autarquias, comissão de trabalhadores da Autoeuropa, liderança do PSD são alguns exemplos actuais de “sequência de pessoas que se sucedem e se substituem sem interrupções ou com pequenos intervalos”.

No PSD, a semana começou com o surgimento de vários nomes passíveis... de ocupar o lugar deixado por Pedro Passos Coelho, decisão resultante dos fracos resultados nas autárquicas: Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz, Paulo Rangel, Pedro Santana Lopes e Rui Rio.

À medida que o calendário avançou, os nomes foram-se reduzindo. Montenegro e Rangel não estão, afinal, na corrida. Formalmente, ainda não há candidaturas ao lugar de líder social-democrata, estando prevista (mas não confirmada) a apresentação de Rui Rio para dia 11 em Coimbra. Falta saber quem serão os outros concorrentes.

Nas autarquias, houve “sucessões” inesperadas, tanto para perdedores como para vencedores. O caso mais inverosímil terá sido o de Inês de Medeiros, que venceu a Câmara de Almada para o PS (governada pela CDU desde 1976), ainda que por pouco. “Prever ganhar seria uma grande ousadia da minha parte”, disse aos jornalistas. Pois.

As carinhas larocas dão azar a Jerónimo de Sousa.

Falemos antes de horta. “Sucessão” significa “mudança progressiva da composição de populações de plantas num determinado local durante o desenvolvimento da vegetação, que pode ir desde a colonização inicial de um terreno até atingir a associação clímax”. Sem votos nem intrigas.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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