Ex-agente do FBI quer descobrir quem denunciou anexo de Anne Frank

Um grupo de investigadores diz ter novas informações sobre a detenção da jovem judia e da sua família, levados para um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

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A história de Anne Frank e os cerca de dois anos que ela e a sua família passaram escondidos num pequeno anexo de uma empresa, no número 263, nos canais de Amesterdão, na Holanda, marcaram a memória do Holocausto. Sete décadas após a morte da jovem judia e depois de várias teorias e investigações, ainda é uma incógnita quem terá denunciado o seu esconderijo.

Face às incertezas, uma nova investigação conduzida por um ex-agente do FBI pretende descobrir quem revelou a localização do anexo secreto à Gestapo, a polícia política alemã.

“Não estamos a tentar apontar o dedo ou acusar [alguém]. Estou apenas a resolver o último caso da minha carreira”, explicou ao The Guardian o líder da investigação, Vince Pankoke. O ex-agente considera que "não existe um estatuto limitado do que é a verdade”, frisou que ainda existem muitas perguntas sem resposta a este caso.

O grupo de investigação constituído por 19 pessoas vai analisar os arquivos fornecidos pela Casa de Anne Frank. Segundo o jornal britânico, a equipa de investigadores fez uma reconstituição da manhã de 4 de Agosto de 1944, dia em que as forças policiais invadiram o anexo secreto. Roger Depue, da Unidade de Análise Comportamental do FBI, vai ainda analisar um conjunto de relatos e entrevistas de várias testemunhas.

Em Dezembro do ano passado, a Casa de Anne Frank publicou um estudo sugerindo que a detenção da família judaica tinha ocorrido por acaso e não por denúncia. Porém, Otto Frank, o pai da jovem de 15 anos e o único membro da família que sobreviveu ao Holocausto, acreditava que a sua família tinha sido traída por Wilhelm van Maaren, um dos empregados da empresa onde estavam escondidos. À data, a polícia não encontrou provas que garantissem que Wilhelm van Maaren tivesse denunciado a família Frank.

Apesar disso, Vince Pankoke garante que durante o seu trabalho preliminar descobriu novas pistas de documentos confidenciais, enviados depois do fim da II Guerra Mundial para os Estados Unidos.

“Passei muito tempo nos arquivos nacionais dos Estados Unidos e encontrei documentos de Amesterdão que me disseram que não existiam”, contou Pankoke ao Guardian. O ex-agente do FBI ressalva que a investigação vai demorar algum tempo, por existirem alguns documentos danificados e por estarem escritos em alemão militar técnico.

“Encontrámos listas de nomes de judeus presos que foram traídos, listas de informadores e nomes de agentes da Gestapo que viviam em Amesterdão. Tudo isto pode integrar a nossa base de dados e podemos encontrar algumas ligações”, vincou.

A notícia desta investigação, que será filmada e narrada na Internet, foi recebida com entusiasmo por parte da equipa que gere o museu, relata o diário The Guardian. “Apesar das várias décadas de investigação, a traição como ponto de partida não trouxe nada de conclusivo. Estamos interessados em ver os resultados [desta investigação]”, declarou.

O grupo de investigadores espera revelar as conclusões da investigação a 4 de Agosto de 2019, quando se realiza o 75.º aniversário da detenção da família Frank. 

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