Condenado ex-agente secreto alemão que fingia ser terrorista

O homem, de 52 anos, negou ter ligações a grupos radicais islâmicos e admitiu que foi tudo “uma brincadeira”.

Foto
“Não há ninguém que se arrependa mais disto do que eu”, disse o suspeito no julgamento, esta terça-feira REUTERS/Michael Dalder

Um antigo agente dos serviços secretos alemães – Roque M., de 52 anos – foi condenado esta terça-feira a uma pena suspensa de um ano de cadeia por ter tentado partilhar segredos de Estado na internet, onde fingia ser um terrorista. O motivo para o fazer, disse, foi apenas o facto de estar aborrecido.

O homem, de nacionalidade alemã e nascido em Espanha, já tinha sido sinalizado em Outubro de 2016 por suspeitas de colaboração com grupos radicais. Foi detido em Novembro, depois de admitir que tinha partilhado informações sobre as operações do BfV, o serviço federal de espionagem interna, com grupos radicais salafistas. Já em Julho deste ano, foi libertado por não existirem provas de que tivesse ligações a grupos radicais ou que estivesse a planear um ataque terrorista.

Agora, no julgamento que decorreu na terça-feira em Dusseldorf, relativo à partilha de segredos de Estado, o suspeito disse em tribunal que tinha fingido ser um terrorista na internet, que estaria a planear um ataque na Alemanha, apenas porque estava aborrecido.

“Nunca me encontrei com nenhum islamista. Nunca o faria. Isto foi tudo uma brincadeira”, disse no início do julgamento. 

Uma das funções de Roque M. nos serviços secretos alemães consistia precisamente em vigiar a actividade online de grupos radicais, um trabalho que descreveu como “divertido”. Mas, aos fins-de-semana, o homem – que trabalhou anteriormente como bancário e também foi actor em filmes pornográficos gay – disse que se aborrecia ao tratar de um dos seus quatro filhos, portador de uma deficiência. Então, explicou, citado pela AFP, fazia-se passar por um terrorista nos fóruns online para “fugir à realidade”.

O alemão acabaria por ser apanhado quando tentava passar informação confidencial a um indivíduo que, afinal, era um dos seus colegas de trabalho, agindo sob disfarce.

“Não há ninguém que se arrependa mais disto do que eu”, disse Roque M., citado pela emissora alemã Deutsche Welle.

Sugerir correcção
Comentar