Pedido polémico do pai do primeiro-ministro empurra Islândia para novas eleições

Pai de Bjarni Benediktsson escreveu carta a pedir que amigo, condenado por abuso sexual de menores, visse o seu cadastro limpo. Um dos partidos que formava a coligação governamental bateu em retirada.

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Bjarni Benediktsson convocou esta sexta-feira eleições antecipadas Reuters/GEIRIX

O primeiro-ministro islandês, Bjarni Benediktsson, anunciou eleições antecipadas no país depois de a coligação governamental ter caído com a saída de um dos partidos que a formava. O executivo aguentou menos de nove meses.

Este Governo será assim aquele que menos tempo ficará no poder na história da Islândia, que vai a votos pela segunda vez em eleições antecipadas em menos de um ano. O executivo anterior caiu devido ao escândalo relacionado com os paraísos fiscais divulgado pelos Panama Papers.

O partido que desmanchou a coligação, o Futuro Brilhante, justificou a decisão com uma “quebra de confiança” depois de o partido do primeiro-ministro, o Partido da Independência, ter, alegadamente, tentado encobrir um escândalo que envolvia o pai do chefe de Governo, diz a Reuters.

“Nós perdemos a maioria e eu não vejo nada que indique que a consigamos recuperar. Vou convocar eleições”, afirmou Benediktsson, citado pela mesma agência noticiosa. O governante acrescentou que pretende que o sufrágio se realize em Novembro, mas cabe agora ao Presidente Gudni Johannesson a última palavra. Ambos vão reunir-se este sábado.

Existem dois caminhos prováveis à disposição do Presidente, que ainda não comentou a decisão do primeiro-ministro: ou aceita a convocação das eleições antecipadas, pedindo ao actual Governo que continue no poder de forma interina até que seja formada uma nova maioria; ou, por outro lado, pode pedir a outros partidos que negoceiem um acordo de governação, evitando a realização de eleições.

O escândalo que deu azo ao fim da coligação envolve uma carta escrita pelo pai de Benediktsson em que pede ajuda para que um amigo tenha o seu cadastro limpo, depois de ter sido condenado por seis crimes sexuais contra crianças.

O Ministério da Justiça recusou-se, num primeiro momento, a divulgar o autor do pedido. No entanto, Sigridur Andersen, que detém a pasta da Justiça, foi obrigada a fazê-lo por uma comissão parlamentar. Andersen revelou à comunicação social islandesa que informou o primeiro-ministro do envolvimento do seu pai no caso em Julho mas que não contou a mais ninguém.

O primeiro-ministro confirmou esta situação, explicando que o assunto foi discutido de forma confidencial: “Foi informado pela ministra da Justiça de que estávamos a discutir matérias confidenciais, o que segue as regras do Ministério. Eu decidi tratar do assunto como matéria confidencial”, disse, citado pela Reuters. Benediktsson informou depois os parceiros de coligação. E foi aí que se registou a “quebra de confiança” que culminou com a queda do Governo.

O pai do chefe do executivo, Benedikt Sveinsson, confirmou esta sexta-feira que escreveu a carta apoiando “a restauração da honra” do amigo. 

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