Morreu Shelley Berman, o cómico que falava ao telefone

O cómico norte-americano, que tinha 92 anos, morreu na manhã de sexta-feira. Fez parte das primeiras gerações de cómicos a contar as próprias piadas e a mostrar o que pensava nos palcos.

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Shelley Berman, o cómico, e um peixe DR

Morreu na Califórnia, aos 92 anos, Shelley Berman, um nome importante da comédia do início dos anos 1960, anunciou o The New York Times. A causa da morte, segundo o site oficial do cómico, está relacionada com a doença de Alzheimer.

Ao lado de nomes como Mort Sahl, o recém-falecido Dick Gregory, Woody Allen ou Lenny Bruce, Berman ajudou, no final dos anos 1950 e no início dos anos 1960, a popularizar a ideia de os cómicos de stand-up contarem as suas próprias piadas e pensamentos em cima de um palco e fazerem uma comédia mais pessoal e autoral. Inside Shelley Berman, o seu álbum de 1959, valeu-lhe um Grammy e foi dos primeiros discos do género a ser um sucesso retumbante. Apesar de conotado com a comédia de stand-up, Berman actuava sentado num banco no palco.

Bem-sucedido no palco, na televisão, na rádio e em disco, ganhou popularidade a fazer rábulas em que fingia estar ao telefone com alguém que não se ouvia. Falar ao telefone era algo que alguns dos seus contemporâneos faziam em palco: nomes como o duo Nichols and May, que unia Mike Nichols e Elaine May, ou Bob Newhart, que Berman acusava de lhe ter copiado a ideia. Sempre que foi confrontado com isso, Newhart disse que esse conceito já existia desde os anos 1920. A relação com Nichols and May era mais pacífica, talvez por fazerem chamadas a dois e não a um, e Berman chegou a ser colega deles nos Compass Players, a seminal trupe de comédia de improviso de Chicago, a terra natal do cómico.

Tendo começado como actor, foi para essa faceta que se virou quando a comédia deixou de ser tão rentável e popular, tendo aparecido em numerosas séries de televisão ao longo dos anos, do western Rawhide à paródia de agentes secretos Olho Vivo, passando por Friends ou por 13 episódios de Curb Your Enthusiasm como pai de Larry David, um papel que lhe valeu uma nomeação para um Emmy em 2008. A última participação em televisão foi em 2012, num episódio de Hawai: Força Especial. Também fez cinema, com filmes como Como se Divorciam os Americanos, de Bud Yorkin, Não te Metas com o Zohan, de Dennis Dugan, em que fez de pai de Adam Sandler, ou Uns Compadres do Pior, de Jay Roach.

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