Discretamente, Lisboa protege-se do terrorismo à espera que ele nunca chegue

Estão a ser instaladas em Lisboa novas barreiras de segurança para impedir atropelamentos como o do Barcelona. É à luz do dia, mas sem alarmismos. O Porto não segue, para já, as medidas da capital.

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Em Lisboa, o acesso a algumas ruas está a ser limitado com pilaretes de metal, nuns casos e blocos de betão, noutros Miguel Manso
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Em Lisboa, o acesso a algumas ruas está a ser limitado com pilaretes de metal, nuns casos e blocos de betão, noutros Miguel Manso
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Em Lisboa, o acesso a algumas ruas está a ser limitado com pilaretes de metal, nuns casos e blocos de betão, noutros Miguel Manso
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Em Lisboa, o acesso a algumas ruas está a ser limitado com pilaretes de metal, nuns casos e blocos de betão, noutros Miguel Manso

Se há coisa de que os lisboetas não se podem queixar é da falta de pilaretes, muros e outros obstáculos nos passeios da cidade. A profusão destes elementos urbanos até irrita muita gente, mas justifica-se com a indisciplina de certos condutores, que aproveitam todas as abertas para estacionar desregradamente, nem que seja só por uns minutos, transtornando assim a circulação de peões. Para evitar utilizações mais nefastas desses espaços vazios – atropelar pessoas indiscriminadamente, por exemplo –, a Câmara de Lisboa decidiu colocar novos empecilhos em algumas zonas da cidade.

É o caso da Rua Augusta, na Baixa, e da Rua do Carmo, no Chiado. Uma equipa de funcionários da autarquia estava na segunda-feira à tarde a colocar quatro pilaretes cinzentos na esquina entre as ruas do Carmo e Garrett. Na ponta oposta da artéria, junto ao Rossio, também já tinham sido postos outros tantos pilaretes. O mesmo aconteceu no Largo do Chiado, na esquina com a Rua Nova da Trindade, em frente a uma passadeira, onde antes existia um espaço suficientemente grande para entrar um carro.

São objectos relativamente discretos e de fácil colocação, mas a câmara espera que sirvam para dissuadir intenções criminosas semelhantes às dos atropelamentos de dezenas de pessoas em Barcelona, em Berlim e em Nice. Ainda está fresco na memória o atentado de quinta-feira passada na capital da Catalunha, que provocou 14 mortos e mais de cem feridos nas Ramblas. Por isso, a autarquia quer, acima de tudo, que a existência destas novas barreiras contribua para aumentar a sensação de segurança de quem anda pela cidade. E a isso não será alheio o facto de os pilaretes serem colocados a meio da tarde, numa hora em que o Chiado está a abarrotar de pessoas, muitas delas turistas estrangeiros.

A câmara municipal não quis dizer ao PÚBLICO mais do que já dissera numa nota de imprensa divulgada no domingo, onde se lê que as medidas agora tomadas visam “melhorar a protecção em zonas com elevada afluência de pessoas”. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP também adiantou pouco mais. Num comunicado enviado às redacções a meio da tarde segunda, a polícia esclarece que estas medidas “já estavam a ser pensadas há algum tempo”, ainda “antes dos recentes atentados em Barcelona”.

A inexistência de mais detalhes sobre este assunto é justificada por uma fonte camarária com a intenção de não querer gerar medo injustificado na população. É que, sublinha a mesma fonte e também a PSP, o grau de ameaça terrorista em Portugal mantém-se moderado e não há nada que indicie a necessidade de o mudar.

No domingo, em entrevista à RTP, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, disse que seriam instaladas barreiras na Rua Augusta, no Cais das Colunas, na Rua das Portas de Santo Antão, na zona envolvente ao Mosteiro dos Jerónimos e ainda no Cais do Sodré, na área com maior concentração de bares. Os pilaretes já eram visíveis esta segunda-feira à tarde na Rua Augusta, onde também foram colocadas grandes floreiras nas esquinas com as ruas de São Julião, da Conceição e da Betesga. Também em redor do Mosteiro dos Jerónimos havia já dezenas de blocos de cimento espalhados pelo chão.

Já na Rua das Portas de Santo Antão – repleta de esplanadas e restaurantes –, na Rua Nova do Carvalho – a rua cor-de-rosa do Cais do Sodré, onde se encontram alguns dos bares e discotecas mais frequentados da capital – e na Praça do Comércio ainda não se via qualquer indício de trabalho.

Mesmo com recurso a floreiras na Rua Augusta, a câmara garante que estas novas medidas de segurança não põem em causa a passagem de ambulâncias e carros de bombeiros caso seja necessário. Durante o incêndio do Chiado, de que esta semana se assinala o 29.º aniversário, as floreiras de grande porte então existentes na Rua do Carmo foram um dos principais obstáculos ao combate das chamas, uma vez que os veículos dos bombeiros não conseguiam passar.

Porto não segue exemplo lisboeta

Já a Câmara do Porto não admite a aplicação de medidas idênticas às que estão a ser desenvolvidas em Lisboa. Numa resposta escrita a perguntas do PÚBLICO, a assessoria de imprensa do município refere que as competências relacionadas com a segurança interna compete “ao Governo e ao Conselho de Ministros” e que o município já “colabora de forma regular com o Comando Metropolitano da PSP no âmbito das suas competências legais e promove a articulação operacional entre a Polícia Municipal e a PSP”.

No caso de grandes eventos, como a Red Bull Air Race, que acontece na cidade a 2 e 3 de Setembro, a mesma fonte garante que “a Câmara do Porto já promove todas as medidas preconizadas pelas autoridades nacionais quanto à segurança de eventos de grande envergadura”. Em concreto, acrescenta-se na resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a autarquia “tem articulado com a PSP em todas as medidas que esta força policial entende necessárias, quer através da requisição de policiamento extraordinário, quer na colocação de barreiras físicas de protecção em betão”. Um tipo de protecção que, refere-se ainda, “está a ser usado há vários anos, como forma de prevenir a entrada de veículos nos recintos”.

A assessoria de imprensa da Câmara do Porto não faz qualquer referência à “sensibilização” para a necessidade de aplicar medidas similares às que estão a ser desenvolvidas em Lisboa, apesar de o porta-voz da PSP, citado pela Lusa, ter dito que esta autarquia, bem como Coimbra, tinha sido sensível à necessidade de reforçar pontos críticos das cidades. “A decisão cabe às câmaras municipais”, frisou, nas mesmas declarações, Hugo Palma.

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