Mazda anuncia motor que combina as vantagens do Diesel e da gasolina

Numa indústria automóvel cada vez mais virada para os veículos eléctricos, o novo motor da Mazda (que funciona com ignição por compressão) representa uma “inovação” dentro dos clássicos motores de combustão.

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O director de pesquisa e desenvolvimento da Mazda, Kiyoshi Fujiwara, durante a sessão de apresentação do novo motor Reuters/KIM KYUNG-HOON

A fabricante japonesa de automóveis Mazda anunciou nesta terça-feira a introdução, em 2019, de uma nova geração de motores: os Skyactiv-X, um motor que combina as vantagens dos motores a gasolina e a Diesel. Segundo a Mazda, o motor utilizará ignição por compressão, “na qual a mistura de ar com gasolina entra em ignição espontânea quando comprimida pelo pistão”, tal como acontece no motor a gasóleo. Citado pela Reuters, o presidente da empresa de engenharia automóvel AEMSS, Ryoji Miyashita, considera que este é “um avanço decisivo” numa indústria que cada vez mais aposta nos veículos eléctricos.

Trata-se do “primeiro motor a gasolina disponível comercialmente a funcionar com ignição por compressão” inserida numa estratégia a longo prazo da Mazda que visa obter um “excepcional desempenho em termos ambientais e de segurança” nos seus veículos, lê-se num comunicado enviado pela fabricante automóvel.

No geral, os motores automóveis são compostos por vários espaços cilíndricos, dentro dos quais existe um êmbolo móvel – e é o movimento destes pistões, causado pela combustão da mistura de ar e combustível que gera energia para movimentar os veículos.

No caso destes novos motores, que se inserem na categoria de motor de compressão de carga homogénea (HCCI, na sigla inglesa), a gasolina é detonada por compressão, eliminando a necessidade de velas de ignição como acontece nos motores a gasolina — ainda que estas sejam usadas em algumas situações, como a baixas temperaturas – o que faz com que, em matéria de eficiência, os motores sejam equiparáveis aos Diesel.

O objectivo da fabricante japonesa é reduzir, até 2030, as emissões de dióxido de carbono “well-to-wheel” (a análise do impacto ambiental de um veículo considerando os gastos energéticos do poço à roda) para 50% dos níveis que se registavam em 2010, almejando conseguir uma redução de 90% até 2050.

Em termos de consumo, o motor de ignição por compressão é 20 a 30% mais eficaz do que os actuais motores produzidos pela fabricante. No que à poupança de combustível diz respeito, o novo motor “chega a igualar, ou mesmo a superar, os valores do mais recente motor Diesel” desenvolvido pela Mazda (o Skyactiv-D), lê-se ainda no comunicado.

O anúncio surge dias depois de a Mazda ter assinado um acordo com a Toyota para trabalharem em conjunto na produção de modelos automóveis eléctricos, em resposta à crescente procura deste tipo de veículos. A companhia japonesa pretende, até 2019, introduzir veículos de propulsão eléctrica “em regiões que recorrem a uma elevada proporção de energias limpas e produção de electricidade” para reduzir a poluição atmosférica. Ainda assim, o director de pesquisa e desenvolvimento da Mazda, Kiyoshi Fujiwara, considerou que “a electrificação é necessária, mas o motor de combustão deve vir primeiro”.

O método “exclusivo” – intitulado Spark Controlled Compression Ignition – ajuda a enfrentar dois problemas que impediam a comercialização de motores a gasolina com ignição por compressão, segundo a Mazda: “maximizar a área na qual a ignição por compressão é possível e alcançar uma transição contínua entre compressão, ignição e faísca”. A redução no consumo é conseguida através da junção de um turbocompressor à ignição por compressão.

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