PSD questiona Governo sobre recuperação de colónia de grifos e zimbrais depois do incêndio Vila Velha de Ródão

Social-democratas acusam o ministro do Ambiente de, “no meio desta catástrofe”, “andar desaparecido em parte incerta”.

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Segundo a Quercus, dos 33 casais de grifos existentes no monumento natural de Portas de Ródão antes do incêndio, restam apenas 14 PEDRO CUNHA

O PSD pede respostas ao Governo sobre as consequências do incêndio que afectou, na semana passada, o monumento natural de Portas de Ródão, onde se localiza a maior colónia de grifos do país e uma importante zona de zimbrais, em Vila Velha de Ródão.

Onze deputados assinam uma pergunta enviada nesta quinta-feira ao Ministério do Ambiente onde dizem não compreender que a tutela “não tenha tido uma palavra” sobre as consequências do incêndio da semana passada. Criticam que não tenha sido feito um balanço da área ardida, nem do impacto sobre a fauna e flora, e a falta de um “plano de recuperação”.

Os deputados pedem esclarecimentos ao gabinete de João Matos Fernandes sobre a área ardida no monumento natural de Portas de Ródão (classificado em 2009), sobre as espécies de flora e os “animais referenciados” que foram afectados pelo fogo. Questionam ainda qual o plano de intervenção e recuperação da área ardida. E concretizam: quais as medidas de combate à erosão e para protecção e recuperação de linhas de água? O que está previsto para recuperar caminhos e passagens hidráulicas? O que vai ser feito para conservar os animais para caça, “se for caso disso”?

O incêndio teve origem na segunda-feira em Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco, e passou no dia seguinte para o concelho de Nisa, lavrando no monumento natural até sexta-feira.

As questões do PSD surgem depois do alerta da Quercus de que a maior colónia de grifos do país ficou reduzida para menos de metade na sequência do incêndio. Dos 33 casais de grifos, restam apenas 14. Entre outras aves afectadas estão abutres-pretos e águias-de-bonelli, adiantam os ambientalistas.

Na flora, a Quercus identificou que os zimbrais, uma espécie de importante valor ecológico, foram os mais afectados e podem “demorar anos a recuperar”, como tinha referido ao PÚBLICO Samuel Infante, responsável pelo Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens da Quercus de Castelo Branco (CERAS).

Os social-democratas questionam ainda que área deve ser considerada como zona de intervenção prioritária para recuperação destes habitats naturais. Os deputados acusam o ministro do Ambiente de, “no meio desta catástrofe”, “andar desaparecido em parte incerta”.

O PÚBLICO questionou o ministério sobre esta matéria, não tendo obtido resposta.

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