CGD: Esquerda condena aumento de taxas e CDS questiona Centeno

Democratas cristãos vão pedir esclarecimentos ao ministro das Finanças. PCP e Bloco condenam adesão da CGD a práticas da banca privada.

Foto
LUSA/MÁRIO CRUZ

O CDS-PP vai questionar o Ministério das Finanças sobre a subida das comissões cobradas pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) aos seus clientes, muitos deles reformados que tinham isenções, revelou hoje à Lusa o deputado João Almeida.

“O CDS vai questionar o Ministério das Finanças acerca das notícias que saíram hoje, designadamente, no jornal PÚBLICO, sobre o aumento de comissões na Caixa Geral de Depósitos (CGD) ou até a existência de comissões para quem até hoje estava isento como é o caso de muitos reformados”, avançou o deputado centrista.

“Nós dissemos desde o início que a recapitalização da CGD estava mal explicada, e nós vamos aos poucos percebendo que as condições que o Governo português negociou no âmbito dessa recapitalização são muito lesivas para os contribuintes portugueses e para muitos dos clientes da CGD”, acrescentou João Almeida.

E realçou: “Já o constatámos quando houve encerramento de agências em zonas onde não há alternativas e portanto as pessoas ficaram muito diminuídas no seu acesso a serviços bancários e vemos agora que uma população que, obviamente, tem limitações financeiras, que são os reformados, com pensões mais baixas, que até hoje beneficiavam de isenções nas suas contas bancárias na CGD e que, pelos vistos, vão passar a ter de pagar essas comissões”.

Na opinião do deputado, “esta recapitalização que este Governo negociou acaba por ser o pior de dois mundos, porque os contribuintes pagaram a recapitalização e como contrapartida ainda têm a redução de serviços ou o aumento de custos desses serviços”.

“Portanto, pagam duas vezes para ficar pior servidos. E foi sobre isto que o Governo andou meses a dizer que tinha tido uma grande vitória”, reforçou, garantindo que o CDS vai entre hoje e terça-feira “exigir esclarecimentos” a Mário Centeno, que tutela a pasta das Finanças.

PCP exige ao Governo que reverta aumento das taxas

Também o Partido Comunista Português reagiu à notícia do PÚBLICO e exigiu hoje que o Governo do PS reverta a decisão da CGD, que considerou grave.

Num comunicado citado pela Lusa, o PCP pede que, além de intervir junto da administração da CGD para reverter o aumento das taxas, o Executivo tenha uma “intervenção mais geral que limite as taxas cobradas pela banca privada”.

“O aumento das receitas da CGD, por via das comissões bancárias é mais um passo que visa impor à Caixa critérios de gestão em linha com a banca privada e que, em última análise, favorecem sempre os grupos monopolistas que controlam o sector financeiro no país”, lê-se no comunicado do gabinete de imprensa dos comunistas, que têm um acordo parlamentar de apoio ao Governo.

Este agravamento de preços é “ainda mais grave” porque “elimina isenções que até hoje reformados e pensionistas com mais de 65 anos” tinham no banco do Estado, lê-se ainda na nota.

Catarina Martins recorda “obrigações especiais” da CGD

Durante uma acção de campanha para as autárquicas em Elvas, a líder do Bloco de Esquerda Catarina Martins acusou a CGD de “começar a fazer o que a generalidade dos bancos já faz”. Para a coordenadora do BE, cujas declarações são publicadas no portal Esquerda.net, a prática não se “justifica”, uma vez que a CGD “é um banco público”.

“Aliás, recapitalizado agora mesmo com dinheiros públicos e, portanto, com obrigações especiais sobre o interesse público e as condições dos seus clientes”, sublinhou.

Catarina Martins recordou que o partido “já tentou limitar as comissões bancárias através de uma proposta legislativa que foi chumbada por PSD e CDS”, mas que “a incapacidade que existiu no Parlamento de se limitar as comissões bancárias não deve fazer a Caixa agir como qualquer banco privado, porque a Caixa tem obrigações especiais de interesse público”.

“A Caixa não pode ir atrás das práticas abusivas dos bancos privados. (…) Deve, pelo contrário, pela sua acção até criar obrigações éticas mais fortes a todo o sistema bancário”, considerou a dirigente bloquista, que anunciou ainda que o partido deverá apresenta esta terça-feira um conjunto de iniciativas para travar comissões abusivas.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários