Regulador dos seguros interveio sobre investimentos da Fidelidade na Fosun

"Eles [a Fosun] investiram dentro da política de investimentos e nós entendemos que aquilo não devia continuar e foi reduzido, está arrumado há três anos", afirmou José Almaça.

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José Almaça foi ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de orçamento e finanças TIAGO PETINGA

O presidente do regulador dos serviços, José Almaça, disse esta terça-feira, no Parlamento, que a Fidelidade cumpre as regras de investimento em sociedades ligadas ao seu accionista, a chinesa Fosun, admitindo ter intervindo para controlar uma operação específica.

"Do processo de supervisão que fazemos, garanto que não há utilização de fundos da Fidelidade em proveitos de outras entidades que não seja o seu negócio", afirmou o presidente de Autoridade de Supervisão e de Fundos de Pensões (ASF), no Parlamento.

José Almaça foi ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de orçamento e finanças, tendo sido questionado tanto pelo CDS como pelo PCP sobre suspeitas de financiamento da Fidelidade à sua própria aquisição.

Em 2014, a maioria do capital da Fidelidade - o maior grupo segurador a operar em Portugal - foi vendido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) aos chineses da Fosun, num negócio acordado em 1.100 milhões de euros.

Posteriormente, surgiram notícias de que ainda nesse ano a Fidelidade teria investido mil milhões de euros em dívida emitida por um veículo da própria Fosun.

Em resposta, o presidente da ASF afirmou que "quando o assunto se detectou resolveu-se logo", sem explicitar mais pormenores sobre o processo.

Já à margem, em declarações à Lusa, José Almaça explicou que a ASF teve conhecimento da operação e que considerou que o investimento nos títulos de dívida não cumpria na totalidade as normas, pelo que esses títulos foram vendidos pela Fidelidade em mercado, uma vez que eram cotados.

"Eles [a Fosun] investiram dentro da política de investimentos e nós entendemos que aquilo não devia continuar e foi reduzido, está arrumado há três anos", reiterou José Almaça.

Segundo o responsável pelo regulador dos seguros, as empresas seguradoras têm normas para investimentos em empresas do seu accionista e neste momento a Fidelidade "está a cumprir com todas as regras".

A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

O grupo chinês Fosun é accionista maioritário do banco BCP e controla a Fidelidade e o grupo de hospitais privados Luz Saúde.

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