“As pessoas não saem à rua por uma décima do PIB”, diz Costa

Numa “aula” sobre o Dia da Europa, Presidente e primeiro-ministro estiveram de acordo em quase tudo, menos sobre quem era mais optimista.

O professor e o aluno voltaram à casa comum noutros papéis
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O professor e o aluno voltaram à casa comum noutros papéis Nuno Ferreira Santos
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Dupond e Dupont. O antigo professor e o antigo aluno da Faculdade de Direito de Lisboa que hoje são Presidente da República e primeiro-ministro, voltaram à casa comum para, juntos, darem uma “aula” a propósito do Dia da Europa. E se os dois são oriundos das duas maiores famílias políticas, hoje em crise no velho continente, ambos fazem a leitura de que é preciso reconstruir a confiança dos cidadãos na UE. Só divergiram sobre quem é mais optimista, mas isso é outra velha história.

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa defenderam ambos a importância da pertença à União Europeia e ao euro, apesar de todos os pesares. “Para todos os grandes desafios, sozinhos estaríamos muito pior”, disse o antigo aluno, sublinhando o consenso nacional nessa matéria. “Mesmo as forças que antes eram eurocépticas, hoje só o são em termos do euro, e não da UE”, acrescentou Marcelo, qual Dupond a terminar a ideia.

Mas há problemas, a começar por cima. “Os líderes da Europa, em muitos casos, não são suficientemente convictos da causa europeia", como "convém ser", apontou o professor, dizendo que “não é possível” exigir-lhes respostas comuns se não conseguem resolver os seus problemas internos. “Se a Europa não é capaz de recriar uma utopia em torno dos seus valores…”, acrescentava agora o aluno.

Sim, porque o maior desafio na UE, tinha antes dito Costa, é “assegurar aos cidadãos que a existência de regras comuns não põe em causa a democracia”. Porque, acredita, “as pessoas saem à rua para defender a separação de poderes, não saem à rua para protestar contra uma décima do PIB” – uma metáfora para as rígidas regras europeias.   

Claro que o primeiro-ministro se preocupa com todas as décimas e com o aprofundamento da União Económica e Monetária, ainda que esta “não favoreça a convergência das economias se não for acompanhada de medidas de convergência” – e que por isso terá que ser “reponderada e reajustada”, acrescenta Marcelo.

Costa preocupa-se com a UEM, assim como se preocupa com a evolução das relações de trabalho face ao salto da automação no mercado laboral, de que falou várias vezes. Ao ponto de afirmar que “a reorganização do tempo de trabalho” e “uma maior partilha do trabalho ao longo da vida é uma adaptação civilizacional que vai ter de ser feita”. Soou a pré-aviso.

E preocupa-se ainda mais com a sustentabilidade da Segurança Social, cuja diversificação das fontes de financiamento estão já em cima da mesa das negociações para o Orçamento do Estado para 2018 com o BE e o PCP. As propostas destes partidos no sentido de taxar os lucros, ou as mais valias, não foram afastadas liminarmente pelo chefe de Governo, embora tenha preferido falar em “estudar" a taxação do "valor acrescentado”.

Mas não perdeu a oportunidade de brincar com o título de “optimista irritante” que o Presidente lhe atribuiu há meses. “Se o optimismo pode ser irritante, o pessimismo é muitíssimo mais irritante”, disse logo de início, entre sorrisos, passando a palavra ao chefe de Estado “para acrescentar optimismo ao retrato realista que fiz”.

Marcelo não desperdiçou a oportunidade e começou por confirmar a “grande sintonia de pontos que vista [com o primeiro-ministro], que é pública e notória”, mas devolveu-lhe o rótulo: “É impossível ser mais optimista do que ele”. Mas, afinal, “o que seria ter um primeiro-ministro pessimista?”, questionou. E respondeu: “Se vier a ter, o Presidente terá que conviver com ele”.

Quando um aluno perguntou como combater os movimentos radicais e a extrema-direita, o chefe de Estado foi o mais optimista: “Temos de impedir que se criem condições para que aconteça” o radicalismo, que floresce “quando o caminho é encontrado ao centro, fortalecendo os extremos”. E isso faz-se como diz acontecer em Portugal: “É bom que haja dois caminhos claros, que estão de acordo no essencial – a Europa -, mas têm modelos de desenvolvimento diferentes”.

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