Bolachas de arroz para bebés e crianças com níveis altos de arsénio no Reino Unido

Estudo detectou arsénio em níveis ilegais em produtos derivados do arroz consumidos por bebés e crianças, o que coloca riscos de saúde.

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O processo de adição de arsénio ao arroz é natural DANIEL ROCHA

Um estudo, baseado em análises de urina de 79 crianças, revelou que quase três quartos de bolachas de arroz e outros alimentos à base de arroz, destinados a bebés ou crianças pequenas, contêm níveis superiores aos permitidos por lei de arsénio, que tem sido associado a problemas de saúde, incluindo cancro. Noticiado pelo jornal britânico The Guardian, o trabalho de investigação foi publicado na revista científica Plos One.

Segundo investigadores da Universidade Queen’s de Belfast (na Irlanda do Nort), é frequente encontrar níveis elevados de arsénio inorgânico em bebés que foram alimentados com leite em pó, especialmente as versões sem lacticínios. Para um bebé, tal pode significar dificuldades no desenvolvimento físico e mental.

“Esta investigação reúne provas directas de que os bebés estão expostos a níveis ilegais de arsénio, apesar das leis regulatórias da União Europeia que se centram exactamente neste problema”, disse o coordenador do estudo, Andy Meharg, professor de ciências do solo e das plantas da Universidade Queen’s de Belfast, citado num comunicado desta instituição. “Os bebés estão particularmente vulneráveis aos efeitos do arsénio, que podem impedir o desenvolvimento saudável do crescimento de um bebé, do seu QI e sistema imunitário, para enumerar apenas alguns.”

A Comissão Europeia introduziu novas regras em Janeiro de 2016 para limitar a quantidade máxima de arsénio inorgânico que os fabricantes de alimentos podem usar no arroz e produtos derivados consumidos por crianças. Contudo, Andy Meharg e os outros autores da investigação descobriram que a composição de snacks à base de arroz não se tornou mais saudável com as novas leis. “Pouco mudou desde a criação da lei e 50% dos produtos de bebé derivados de arroz ainda contêm um nível ilegal de arsénio inorgânico”, lê-se no estudo.

O processo de adição de arsénio ao arroz é natural, incluindo na água à volta do arroz durante o seu crescimento, apesar dos níveis variarem geograficamente. Normalmente, o arroz contém dez vezes mais arsénico inorgânico do que outros alimentos e o excesso do seu consumo está ligado a problemas de desenvolvimento, diabetes, problemas cardíacos e danos no sistema nervoso.

Os autores do estudo alertam para a necessidade urgente dos fabricantes de comida tomarem medidas mais rigorosas para tentar reduzir a quantidade de arsénio nos seus produtos. “Medidas simples podem reduzir dramaticamente o arsénio nestes produtos, por isso não há qualquer tipo de desculpa para os produtores continuarem a vender comida de bebé com níveis tão prejudiciais desta substância cancerígena”, contou Andy Meharg, que defende que os fabricantes de arroz poderiam reduzir os níveis de arsénio até 85% se este produto fosse lixiviado antes de ir para o mercado.

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