Governo quer mais investimento norte-americano em Portugal
Num discurso na FLAD, Eduardo Cabrita elogiou a ajuda de Marcelo à “descrispação” da sociedade portuguesa e deixou críticas implícitas a Donald Trump.
O ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, afirmou este sábado que o Governo quer mais investimento dos Estados Unidos e deseja que os norte-americanos conheçam melhor Portugal, num discurso em que falou de "níveis históricos de confiança" entre os portugueses.
Eduardo Cabrita assumiu estas posições antes de um almoço da conferência anual promovida pela Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Na sua intervenção, o membro do executivo não desenvolveu a questão mais delicada relacionada com o futuro da Base das Lajes, mas referiu-se ao crescimento do turismo e à existência de projectos de carácter científico para a ilha Terceira nos Açores.
"Os Estados Unidos são hoje o quinto maior parceiro comercial de Portugal e o maior fora da União Europeia - e queremos aprofundar estas relações na área financeira, do turismo, do imobiliário, para além das ligações históricas nas áreas da segurança e da defesa. Queremos trazer mais investimento americano e queremos que os americanos conheçam melhor Portugal", declarou Eduardo Cabrita.
Na vertente económica e financeira, o ministro-adjunto aludiu a recentes investimentos dos Estados Unidos na área seguradora em Portugal e considerou positiva a entrada do grupo Lone Star no capital (com 75%) no Novo Banco, evitando-se assim "a liquidação de uma importante instituição financeira para o sector empresarial nacional".
Num dos momentos mais significativos do seu discurso com 30 minutos, Eduardo Cabrita recebeu palmas da plateia quando se referiu às alterações aprovadas na quinta-feira em Conselho de Ministros à lei da nacionalidade. "Uma das alterações vai facilitar que os netos de portugueses tenham direito à nacionalidade portuguesa. Qualquer nascido nos Estados Unidos que tenha um avô ou uma avó portuguesa, se o invocar, passa a ter direito quase automaticamente a aceder à nacionalidade portuguesa", apontou.
Perante uma plateia maioritariamente norte-americana, o ministro-adjunto falou igualmente sobre o ambiente de "justificada desconfiança" que rodeou a sua intervenção de fundo no ano passado, também ali, na FLAD. "Estávamos então a formar um Governo com características novas no contexto europeu e que prometia uma resposta diferente face aos desafios económicos", lembrou o membro do executivo liderado por António Costa.
Mas o ano passado, segundo Eduardo Cabrita, acabou por ser "muito bom para Portugal, com o país a atingir níveis raros na Europa de confiança nas suas instituições, confiança dos empresários e dos consumidores". "Temos mais crescimento económico, o défice vai descer para 1,5% este ano e, no plano político, o país vive com paz social e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem contribuído para a descrispação na sociedade portuguesa", acentuou.
Defendeu ainda a tese de que o PS "é o partido mais europeísta de Portugal, desde Mário Soares, passando por António Guterres, até ao presente com o primeiro-ministro, António Costa". Neste ponto, deixou uma crítica velada à corrente isolacionista que suporta o actual chefe de Estado norte-americano, Donald Trump: "Respeitamos as opções do povo norte-americano e as alterações políticas típicas das democracias, respeitamos também a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia. Mas uma Europa unida é decisiva para Portugal e é decisiva para a paz no mundo. A alternativa à Europa unida é o risco de novas guerras mundiais", advertiu.