Três Tristes Tigres: a ressurreição

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"Regina", pergunta Ana Deus, "de quem é esta letra: minha, tua ou das duas?" A resposta chega da plateia numa voz cúmplice: "Já foi há tanto tempo." E da guitarra de Alexandre Soares saem os primeiros acordes de Kindergarten. Foi num tempo de "anos 90 bem medidos", de lânguidas Noites Brancas à boleia de um Colchão de Água. Um tempo que foi acolhido esta quinta-feira por um Porto entusiasmado (e tão ansioso!) para embarcar numa “trepidante viagem ao passado”, como convidou a vocalista no início do concerto num fresquíssimo Xmas. Um dia de ensaios muito longo — que envolveu até pausa para sestas — marcou a preparação do regresso, que foi antecedido pelas actuações de Dan Riverman e Old Jerusalem no âmbito do ciclo Porto Best Of. Os anos até podem estar a correr, mas a voz de Ana Deus permanece imaculada, a guitarra de Alexandre Soares continua a espraiar-se como quer, como tão bem sabe, e, diga-se, as palavras de Regina Guimarães fazem hoje tanto ou mais sentido. João Pedro Coimbra, Quico Serrano e o baixista convidado Rui Pedro Martelo completam a formação ao vivo desta revisitação a Guia Espiritual e a alguns temas do sucessor Comum, que esteve longe de ser, e ainda bem, apenas uma transposição fiel das canções. E, sim, ainda houve tempo para um cheirinho de Partes Sensíveis — à despedida escutou-se uma versão algo descomprometida de O Mundo A Meus Pés, muito bem acompanhada pelas vozes do público. Ou antes o mundo aos pés deles, por favor. Há rumores que estão em negociação mais três ou quatro datas para assistir a esta ressurreição de um passado essencial da pop portuguesa. Enquanto isso, aqui ficam as imagens do primeiro concerto, pela mão de Paulo Pimenta.