A prosa elegante e o pensamento límpido de Joan Didion em livro novo

South and West: From a Notebook é um dos livros mais aguardados desta primeira metade de 2017. A autora é a jornalista e escritora Joan Didion.

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Em Junho de 1970 Joan Didion e o marido, o também escritor John Gregory Dunne (1932-2003), viajaram de carro pelo sul dos Estados Unidos: uma viagem que, pensava ela, poderia resultar num artigo Frank Edwards//Getty Images

Em Junho de 1970 Joan Didion e o marido, o também escritor John Gregory Dunne (1932-2003), deixaram Nova Iorque, onde viviam, e viajaram de carro pelo sul dos Estados Unidos. A jornalista, então com 35 anos, estava momentaneamente sem sítio para escrever, acabara de publicar o seu segundo romance, Play It As It Lays, e o avanço dos direitos permitia-lhe o luxo de uma viagem que, pensava ela, poderia resultar num artigo. Desde New Orleans e passando por todo o Golfo do México, foi tomando notas que só agora saíram do caderno de apontamentos para integrar a parte mais substancial do inédito: South And West: From a Notebook, livro com a chancela Knopf, foi publicado nos Estados Unidos esta terça-feira, 7 de Março.

Apesar de não revelar ao leitor o pensamento nem a criatividade actual da escritora de 82 anos, vem alegrar o seu grande número de admiradores. Como escreveu ainda recentemente um jornalista no Washington Post, não iriam faltar mesmo se a única coisa que ela tivesse para publicar fosse uma colectânea da sua lista de supermercado. Este volume é mais do que isso.

“A ideia era começar em New Orleans e a partir daí não havia plano”, explica Didion sobre a origem de Notes On The South, um dos dois capítulos de South And West: From a Notebook. É a reportagem mais extensa do volume, feita de conversas com gente célebre e gente anónima, descrição de refeições, hotéis, impressões sobre o que viu e ouviu ao longo de um mês na estada, com destaque para o modo de ser e de pensar do Sul, sobre raça, género ou religião. Quem leu, diz que é visível o tom snob de quem pertence às elites americanas. 

O segundo texto chama-se California Notes, e resulta de outra viagem, desta vez pelo estado natal da jornalista a quem a Rolling Stone pediu que reportasse o famoso julgamento de Patty Hearst, a rapariga de 19 anos, filha do magnata Randolph Hearst. Sequestrada, acabou por se unir aos sequestradores participando em assaltos a bancos e foi julgada em São Francisco, em 1976. A reportagem nunca seria publicada, mas as notas de viagem sobreviveram e surgem agora na prosa elegante, frases curtas, pensamento límpido com a marca de Joan Didion.

 

 

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