Dembélé, o talentoso e impaciente craque do Borussia

Com apenas 18 anos anunciou que queria sair do Rennes por não jogar. O aviso deu resultado e passou a titular. Uma época de sonho levou-o ao Borussia Dortmund e à Liga dos Campeões.

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Dembelé LUSA/FRIEDEMANN VOGEL
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Aubameyang e Dembelé LUSA/FRIEDEMANN VOGEL
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Dembelé LUSA/FRIEDEMANN VOGEL

Há um ano Ousmane Dembélé brilhava intensamente pelo Rennes e era um dos futebolistas mais cobiçados do mundo. Falava-se do interesse de clubes como Barcelona, Bayern Munique ou Manchester City, mas seria o Borussia Dortmund a convencer o jovem – ou melhor, a mãe dele – a assinar. Fatimata, a mãe de Ousmane, teve a última palavra na transferência do jovem internacional francês para o emblema alemão: “Ela é que vai decidir o futuro do Ousmane. Quando ele quis sair, no Verão passado, a mãe disse-lhe que queria que ele ficasse no Rennes e assinasse o primeiro contrato profissional. No final ele não teve escolha”, resumia, na altura, o representante do futebolista, Badou Sambagué.

Confirmado como reforço do Borussia Dortmund em Maio, dias antes de completar 19 anos, a mudança para a Alemanha permitiu a Ousmane Dembélé estrear-se na Liga dos Campeões – o jovem avançado será esta noite uma das “armas” à disposição de Thomas Tuchel para tentar inverter a desvantagem frente ao Benfica, na segunda mão dos oitavos-de-final. O Borussia destacou-se como o melhor ataque na fase de grupos da Champions, com 21 golos marcados em seis jogos, tendo Ousmane Dembélé assinado um golo e quatro assistências. Ele foi o segundo jogador do Borussia que mais correu até ao momento na competição, com 64.152 metros percorridos em sete partidas (apenas atrás do médio defensivo Julian Weigl, com 68.928 metros).

Filho de pai de origem maliana e mãe senegalesa-mauritana, Ousmane Dembélé é mais um talento surgido no futebol francês, de um filão que já projectou Kingsley Coman ou Anthony Martial – Kylian Mbappé, a destacar-se às ordens de Leonardo Jardim no Mónaco, deverá ser o próximo. Todos deram nas vistas ainda com idade adolescente.

Detectado aos 13 anos pelo Rennes, Ousmane Dembélé fez a viagem de mais de 300 quilómetros entre Évreux, onde cresceu, e a capital bretã com a mãe, o irmão e as duas irmãs. Aos 18 estreou-se pela equipa principal do clube e rapidamente se tornou uma peça essencial: quatro meses depois assinava o primeiro hat-trick e concluiu a temporada 2015-16 com 26 jogos no campeonato (22 deles a titular), 12 golos marcados e cinco assistências.

Os holofotes do futebol mundial já estavam virados para Ousmane Dembélé, que rapidamente deu o salto da selecção sub-21 para a equipa nacional francesa. “Já o sigo há algum tempo. A sua velocidade faz a diferença. É um futebolista muito interessante. Os primeiros jogos pelo Borussia Dortmund confirmam o seu potencial. Tem todas as qualidades para chegar ao mais alto nível”, sublinhou o seleccionador francês, Didier Deschamps quando o chamou pela primeira vez à selecção gaulesa, em Agosto de 2016.

A saída do Rennes até podia ter acontecido antes, porque já em 2015 o jovem atacante era cobiçado. Ousmane Dembélé ainda não tinha assinado contrato profissional com o Rennes e a demora do clube em fazer uma proposta, interpretada pelo jovem como falta de confiança nas suas qualidades, estava a deixá-lo impaciente. Ainda sem qualquer jogo pela equipa principal, Ousmane Dembélé anunciou que pretendia sair do Rennes e recusou uma primeira proposta do clube. O diário desportivo francês L’Équipe chegou a mencionar o interesse do Benfica no jovem jogador, mas Ousmane Dembélé acabou por assinar por três anos.

Tudo porque não havia forma de contrariar a mãe Fatimata, a quem Badou Sambagué, o representante de Ousmane Dembélé, prometera que o filho assinaria contrato profissional com o emblema onde chegara aos 13 anos. “Ousmane tinha opções entre três ou quatro clubes. Ele disse-me ‘Badou, ainda não sou futebolista profissional porque só estou a treinar com a equipa principal. Quero melhorar, mas como vou fazê-lo se não jogo?’”, contou o ex-internacional maliano ao britânico The Guardian. A vontade da mãe e os conselhos do empresário seguraram-no em Rennes: “Pôde ganhar experiência num clube mais pequeno, onde o conheciam muito bem. Se tivesse ido para outro lado teria de esperar para jogar. No Rennes afirmou-se e agora toda a gente o conhece. Para tornar-se num grande jogador há que ir passo a passo. Não é dar o salto para um grande clube onde será esquecido”, concluiu Badou Sambagué.

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