EUA arriscam guerra com a China, avisa imprensa chinesa

Em causa estão as declarações de Rex Tillerson que quer vedar o acesso da China às ilhas artificiais que construiu no Mar do Sul da China.

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O secretário de Estado não especificou como seria feito esse bloqueio às ilhas Reuters/KEVIN LAMARQUE

Os Estados Unidos arriscam entrar em guerra com a China, avisa a imprensa chinesa. Em causa estão as ameaças de Rex Tillerson, secretário de Estado nomeado por Donald Trump, que quer negar o acesso às ilhas artificiais construídas pelos chineses no Mar do Sul da China.

Na quarta-feira, perante a Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, Tillerson afirmou que o acesso às controversas ilhas e fortificações artificiais construídas pela China no Mar do Sul “não será permitido”.

“É melhor que os dois lados se preparem para um choque militar”, escreve o Global Times – um jornal controlado pelo partido comunista –, na eventualidade de as afirmações do futuro secretário de Estado dos EUA se concretizarem na prática, após a tomada de posse de Trump.

O futuro secretário de Estado não especificou, contudo, como seria feito esse bloqueio às ilhas, mas especialistas, diz o Guardian, afirmam que só poderá ser feito com uma demonstração militar significativa.

“É bom que Tillerson se prepare com estratégias de poder nuclear se quer forçar outro poder nuclear [China] a retirar-se do seu próprio território”, escreve o Global Times. “A não ser que Washington planeie uma guerra em larga escala no Mar do Sul da China, qualquer outra tentativa de impedir a China de chegar às ilhas será uma tolice”, pode ler-se ainda.

O jornal China Daily – outro jornal estatal – escreve que as declarações de Rex Tillerson “não são para levar a sério porque são uma mistura de ingenuidade, miopia, preconceitos desgastados e fantasias políticas irrealistas”.

Liu kang, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, já respondeu às acusações de Tillerson, mas num tom mais pacifista do que o dos media chineses. Kang afirmou que as relações entre os Estados Unidos e a China são baseadas numa “não-confrontação, não-conflitualidade e num benefício mútuo e de uma cooperação de ambas as partes”, cita o Guardian.

A China instalou armamento anti-aéreo e outras armas nas ilhas artificiais que construiu no Mar do Sul da China para defender o território que reclama como seu. O armamento foi instalado nas seis ilhas artificiais que o Governo de Pequim criou no arquipélago Spratly (no estreito de Taiwan), cuja posse é disputada pelo Vietname e Filipinas.

Não é a primeira vez que estas ilhas geram polémica no seio da futura administração da Casa Branca. Donald Trump também já tinha acusado a China de estar a construir "um grande complexo militar" naquela área que se transformou num campo de luta geopolítica.

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