Iki Mobile aposta no "made in Portugal" e lança telemóvel com cortiça

Empresa quer criar fábrica em Portugal e incorporar mais componentes nacionais na futura produção.

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O novo modelo da Iki Mobile Fábio Augutso

A Iki Mobile, uma marca portuguesa de telemóveis, quer aumentar a aposta na etiqueta “made in Portugal” que tem vindo a seduzir algumas empresas e consumidores. Nesta quinta-feira, um ano após ter lançado os primeiros telemóveis, a Iki apresentou uma nova linha de aparelhos, que inclui um modelo cuja parte exterior é feita de cortiça. A novidade surge numa altura em que a empresa, que encomenda os telemóveis a fábricas chinesas, está a preparar a instalação de uma fábrica em Coruche.

“Vamos lançar o primeiro telemóvel do mundo feito em cortiça. Como é tudo muito parecido [no sector], ser em cortiça é realmente diferenciador”, argumentou ao PÚBLICO o administrador da empresa, Tito Cardoso. O responsável pela marca explicou ainda que a nova gama “surgiu muito daquilo que foi a opinião dos portugueses” e a empresa considera o mercado português como “um barómetro” para perceber aquilo que é procurado pelos consumidores.

Chamado KF5 Bless Cork Edition, o telemóvel tem 3Gb de memória RAM, câmaras de oito e 12 megapixels, e um processador de oito núcleos. Será distribuído pela JP Sá Couto e deverá chegar ao retalho em Fevereiro.

A Iki produz telemóveis de baixa e média gama, e desde o lançamento, em Novembro do ano passado, Tito Cardoso diz já ter vendido 290 mil unidades, o que também inclui tablets e acessórios da marca. Para além de Portugal, a empresa está presente em mercados como o Brasil, Dubai, África do Sul e Angola (parte do capital da empresa é do grupo angolano FF, para o qual a empresa de Tito Cardoso prestava serviços antes de ter lançado a a marca de telemóveis).

A empresa está também a preparar a instalação de uma fábrica em Coruche, no distrito de Santarém, e outra em Angola, que servirá essencialmente para finalizar a montagem dos aparelhos. No caso da fábrica em Portugal, Tito Cardoso frisa que o objectivo é incorporar elementos portugueses no processo de fabrico. “Talvez se consiga o molde, tudo o que são as partes de parafuso, a cortiça, as embalagens. O que não puder ser, não será”, disse o administrador.

A fábrica deverá ser montada com a comparticipação de fundos europeus, num investimento a rondar os cinco milhões de euros. Mas a empresa tem um plano alternativo caso não consiga financiamento comunitário. Nesse cenário, o caminho passará pela reabilitação de um edifício já existente, o que torna a operação mais barata. Em qualquer dos casos, a produção só deverá arrancar em 2019. Numa primeira fase, a expectativa é de empregar 200 pessoas.

Tito Cardoso explicou que o desejo de fazer algo em Portugal é um dos motivos para avançar com o plano de instalar uma fábrica em Coruche. “Não podemos olhar apenas para o nosso retorno, para os nossos lucros”, observou o empresário, dizendo que considera “interessante ter um produto made in Portugal”, com “a qualidade portuguesa”.

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