Alan Greenspan mostra-se pessimista quanto à sustentabilidade do euro

Numa entrevista à agência Bloomberg, o ex-presidente da Reserva Federal norte-americana diz que a Itália pode vir a "enfrentar mais problemas do que se pensa".

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Alan Greenspan, ex-presidente do Sistema de Reserva Federal norte-americano AFP/TIM SLOAN

O antigo presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos Alan Greenspan disse, numa entrevista à Bloomberg divulgada nesta quarta-feira, que as “diferenças entre países como a Itália e a Alemanha, e a falta de instituições de apoio ao euro põem em causa a sua sustentabilidade”.

Questionado pela agência norte-americana sobre a forma como olha para a zona euro, e particularmente para a moeda única europeia, tendo em conta acontecimentos como o "Brexit" e o recente referendo em Itália, Alan Greenspan não esconde a sua preocupação sobre a sustentabilidade do euro.

O economista diz que “é preciso olhar para trás, para a origem da União Europeia, que resultou da necessidade de criar consolidação política, de modo a evitar uma terceira guerra mundial, principalmente por parte da França e da Alemanha, começando com o acordo do aço e do carvão, e evoluindo para o que temos hoje, sempre num contexto de estabilidade e paz”. “Neste contexto”, prosseguiu, “obtiveram aparente sucesso em relação à sustentabilidade do euro, que era uma preocupação, minha incluída, sendo o euro o resultado da união de várias moedas. No entanto, as diferenças entre países como Itália e Alemanha, e a falta de instituições de apoio ao euro põem em causa a sua sustentabilidade.”

O jornalista David Greenspan retoma as palavras de Alan Greenspan para o questionar sobre a “diferença entre os rendimentos da Itália e da Alemanha, que é substancial e está em crescimento”, e se “isso é indicativo da tensão que se vive na zona euro e se põe em causa a existência do euro“.

“O facto de os bancos dos vários países (Bundesbank, Banque de France…) emprestarem dinheiro uns aos outros livremente (…) vai tornar-se insustentável. O Bundesbank emprestou mais de 600 mil milhões de euros, principalmente a Itália e a Espanha; assim, os activos do banco continuam a subir, enquanto o risco de Espanha e Itália os acompanham. Esta situação não é sustentável e a Itália pode vir a ter mais problemas do que se pensa”, explicou Alan Greenspan à agência Bloomberg, que cobre sobretudo assuntos económicos.

Na opinião do antigo presidente da Reserva Federal norte-americana, [o ex-primeiro-ministro] Matteo Renzi tinha a solução certa [para Itália], mas foi votada contra. Isto é um fenómeno internacional, esta mudança de paradigma político que gerou o 'Brexit', instabilidade na Escócia e na Irlanda do Norte, também em Itália e Espanha e, principalmente, na Grécia, que entrou no euro ilegalmente, no sentido que forjou os seus números”. “Por estes factores, a estrutura é instável.”

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