Trump, o Presidente que não acredita no aquecimento global, esteve com Al Gore
O democrata conhecido pelo seu trabalho de alerta para as consequências e perigos das alterações climáticas aceitou o convite de Trump para uma reunião.
Donald Trump, o homem que afirma que o aquecimento global é uma “fraude inventada pelos chineses para minar a industrialização dos EUA” encontrou-se esta segunda-feira com Al Gore, Prémio Nobel da Paz de 2007 pela sua luta contra as alterações climáticas.
Vice-Presidente de Bill Clinton entre 1993 e 2001, o democrata Al Gore descreveu a conversa, que durou mais de 90 minutos, como “longa e produtiva”, cita a AFP. Em Nova Iorque para o seu projecto de transmissão do “24 Horas de Realidade”, aceitou o convite de Trump, mas não quis prestar declarações sobre os detalhes da conversa.
O encontro aconteceu na Trump Tower, em Nova Iorque e contou também com a presença de Ivanka Trump, filha do Presidente eleito e que, de acordo com o Politico, escolherá as alterações climáticas como tema que irá acompanhar com mais atenção, à semelhança do que Michelle Obama fez com a alimentação saudável, por exemplo.
Baseado no livro e campanha de Al Gore, o documentário Uma Verdade Inconveniente traça um retrato dos problemas climáticos mundiais e as suas consequências, problemas que Trump nega que existam, classificando-os como “farsas” e “tretas”.
This very expensive GLOBAL WARMING bullshit has got to stop. Our planet is freezing, record low temps,and our GW scientists are stuck in ice
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 2, 2014
The concept of global warming was created by and for the Chinese in order to make U.S. manufacturing non-competitive.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 6, 2012
Em Outubro deste ano, Al Gore discursava no Miami Dade College, onde dizia que “baseado nas ideias que [Trump] apresentou, [as suas políticas] levar-nos-iam a uma catástrofe climática”.
Mais recentemente, no final de Novembro, Trump afirmou que iria acompanhar de perto e com atenção o Acordo de Paris, o primeiro pacto global para a redução das emissões de dióxido de carbono, depois de ter prometido durante a campanha que iria desfazer a participação dos EUA e acabou por reconhecer, em entrevista ao New York Times uma “ligação” entre a actividade humana e as alterações climáticas.
Ainda assim, o cepticismo de que Trump irá inverter as suas posições ambientais mantém-se. Travis Nichols da associação Greenpeace reconhece que “é absolutamente necessário que alguém fale de clima com Trump, mas este problema precisa mais do que apenas conversas”, cita o Washington Post.