Estado procura novas jazidas no Alentejo em consórcio com empresa turca

Contratos de prospecção e pesquisa na faixa piritosa ibérica têm duração de três anos e significam um investimento de mais oito milhões de euros.

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Rui Rodrigues, presidente da EDM DR

Um consórcio liderado pela empresa turca da ESAN e a empresa estatal EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro vai investir nos próximos três anos cerca de oito milhões de euros em trabalhos de prospecção e pesquisa na chamada faixa piritosa ibérica, no Alentejo.

“Está na altura de deixarmos de falar apenas de potencial, e começarmos a perceber, no terreno, da qualidade dos jazidos que ali existem. Só os estudos é que o vão confirmar, e são esses resultados a que queremos chegar, fazendo agora os investimentos necessários e arriscando o que for preciso”, disse ao PÚBLICO o presidente da EDM, Rui Rodrigues.

Os alvos de prospecção e pesquisa encontram-se em zonas de elevado risco do ponto de vista geológico e técnico, o que explica a política estratégica da EDM em procurar parceiros com os quais possa dividir os elevados riscos de investimento. A ESAN tem, desde Abril deste ano, uma parceria com a EDM para fazer estudos relativos às áreas de Alcácer e São Pedro das Cabeças, duas áreas que abrangem parte dos concelho de Alcácer do Sal, Grândola, Castro Verde e Almodôvar. Os contratos que vão ser assinados esta quarta-feira com o Estado implicam trabalhos de prospecção e pesquisa não só nestas duas áreas de potencial mineiro mas também um projecto de prospecção denominado Monte das Mesas, no concelho de Aljustrel.

De acordo com informação a que o PÚBLICO teve acesso, o plano de trabalhos prevê um investimentos de 7,6 milhões de euros para os próximos cinco anos e a que corresponderão trabalhos de prospecção mineira incluindo a realização de 31.500 metros de sondagens carotadas, 150 km2 de área alvo de cartografia geológica de detalhe e 223 quilómetros quadrados cobertos por prospecção geofísica.

Para além destes três contratos, será assinado um quarto, também de prospecção e pesquisa, mas apenas com a EDM, para uma área denominada por “Rosário”, que se insere nos concelhos de Castro Verde, Aljustrel, Almodôvar e Ourique, onde se estima um investimento inicial que rondará mais de meio milhão de euros. “Os estudos que vamos fazer agora, e que são fundamentalmente geotécnicos, é que nos vão dizer o que será necessário para avançar. Nesta fase, podemos avançar sozinhos no projecto, e depois analisaremos a eventual entrada no capital de outros projectos, para lhe dar mais músculo”, explica Rui Rodrigues.

A chamada faixa piritosa ibérica é a zona com o maior potencial mineiro nacional, e onde se localizam as Minas de Aljustrel, exploradas pela Almina, e de Neves-Corvo, explorada pela Somincor, actualmente em funcionamento. Mas é também a zona onde no passado estiveram em laboração várias dezenas de minas, onde se destacam as Minas de São Domingos, Cercal e Lousal. Numa entrevista recente que deu ao PÚBLICO, o presidente da EDM mostrou acreditar que era possível encontrar uma nova jazida de mineral com o potencial da Somincor.

A possibilidade de identificação de novas massas é acalentada, também, pelas mais recentes descobertas feitas nomeadamente pela Somincor das massas da Semblana e do Monte Branco na mina de Neves-Corvo, bem como as descobertas recentes na mina de Águas Teñidas, situadas no lado espanhol da faixa piritosa ibérica.

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