Marine Le Pen diz que vitória de Trump lhe dá mais hipóteses

Líder da Frente Nacional considera que resultado eleitoral nos EUA “tornou possível o que antes se apresentava como impossível”.

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Jean-Paul Pelissier / Reuters

A vitória de Donald Trump nos EUA “tornou possível o que antes se apresentava como impossível”, disse neste domingo Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita francês Frente Nacional (FN) aludindo a um possível triunfo seu nas eleições presidenciais francesas de 2017.

Para Le Pen, a conquista de Trump é “mais uma pedra na construção de um novo mundo”. A líder nacionalista foi um dos primeiros dirigentes a saudarem a vitória do republicano sobre Hillary Clinton e são várias as semelhanças entre os programas de um e de outro. Ambos defendem políticas de imigração muito limitadas e o proteccionismo económico, por exemplo.

Le Pen não tem dúvidas de que a ascensão do magnata americano ao poder vem aumentar as suas próprias hipóteses para as eleições marcadas para 23 de Abril. “Espero que em França as pessoas também virem a mesa, a mesa onde a elite divide aquilo que deveria ir para o povo francês”, afirmou durante uma entrevista na BBC.

A insegurança causada por atentados de inspiração islamista em França deu à Frente Nacional terreno fértil para a sua agenda anti-imigração. A isto soma-se a desorientação nos dois grandes partidos tradicionais – o Partido Socialista está numa crise profunda depois de uma da presidência mais impopular de sempre, de François Hollande, e o centro-direita está envolvido numa luta interna – que joga a favor de Le Pen.

As sondagens apontam para a passagem de Le Pen à segunda volta das eleições presidenciais, a 7 de Maio. A grande incógnita é até que ponto será eficaz o “cordão sanitário” das forças moderadas na segunda volta que podem tentar impedir a vitória da Frente Nacional, tal como aconteceu em 2002 quando Jean Marie Le Pen foi derrotado por Jacques Chirac na segunda volta das presidenciais, que contou com os votos da esquerda.

Desde que Marine Le Pen subiu à liderança da Frente Nacional que tem tentado descolar o rótulo de extremista do partido que antes era dirigido pelo pai, Jean-Marie. Na entrevista à BBC, negou ser racista. “Não creio que seja racista dizer que não podemos receber toda a pobreza do mundo, que não podemos tomar conta das centenas de milhares de pessoas que cá chegam, porque a nossa primeira obrigação é proteger o povo francês.”

O convite feito pelo jornalista da BBC Andrew Marr à líder da FN foi muito criticado, especialmente por a entrevista ter sido emitida no domingo em que o Reino Unido comemora o final da I Guerra Mundial. Um pequeno grupo de manifestantes concentrou-se perto das instalações da cadeia pública de rádio e televisão britânica para uma acção de protesto.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, participou na manifestação para acusar Le Pen de usar o “populismo contra as minorias para conseguir ser eleita”.

Andrew Marr admitiu que a escolha de Le Pen pode ser polémica, mas deixou uma justificação: “Não creio que a melhor forma de honrar os caídos [na I Guerra] seja falhar em informar sobre o próximo grande desafio à segurança ocidental.”

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