Governo antecipa em três meses modernização de metade da linha do Minho

Ministro do Planeamento e das Infraestruturas assina nesta quarta-feira em Viana do Castelo o contrato de empreitada para modernizar parte da linha do Minho. Fica a faltar o troço entre Viana e Valença.

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Enric Vives-Rubio

Estava previsto para Janeiro de 2017, mas numa ocorrência rara em investimentos ferroviários, a contratualização da modernização da linha do Minho entre Nine (Vila Nova de Famalicão) e Viana de Castelo será nesta quarta-feira assinada nesta estação três meses mais cedo do que o previsto, numa cerimónia que vai contar com a presença do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

Fonte do gabinete do ministro disse ao PÚBLICO que esta antecipação se deve a “tentar pôr a obra no terreno mais cedo para evitar derrapagens”.

Trata-se, no entanto, da adjudicação de apenas metade da linha do Minho, ficando para fase posterior o troço Viana do Castelo – Valença. O projecto prevê a electrificação dos 43 quilómetros de via única entre Nine e Viana e a instalação de sinalização electrónica e modernos sistemas de telecomunicações entre os comboios e as estações.

Está também previsto o aumento do comprimento útil da estação de Barroselas, bem como a “reconstrução” da futura estação de Midões. Esta já foi estação, mas foram-lhe retiradas as linhas de resguardo tendo sido desclassificada para apeadeiro. A futura linha do Minho vai voltar a precisar dela para cruzamentos de comboios.

De acordo com a Infraestruturas de Portugal, a empreitada que é adjudicada nesta quarta-feira ao consórcio Mota-Engil Somafel tem o valor de 16 milhões de euros.

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Segundo a calendarização prevista, esta fase até Viana deverá estar concluída até ao primeiro trimestre de 2018 podendo, após fase de testes e certificação, os comboios eléctricos começarem a circular em meados de 2018.

Já a segunda fase da modernização, entre Viana do Castelo e Valença (48 quilómetros), está prevista começar no segundo semestre de 2017 e ficar concluída no início de 2019. O objectivo é também a electrificação e instalação de sinalização electrónica, bem como a construção de uma nova estação em Vila Nova de Cerveira.

No Plano de Investimentos Ferroviários apresentado pelo governo em Fevereiro passado, a modernização de toda a linha do Minho tinha um custo estimado de 83,2 milhões de euros, com comparticipação comunitária de 59,2 milhões de euros.  

Embora esta modernização tenha sido pensada (já no anterior governo) no âmbito do tráfego de mercadorias, os passageiros vão ser beneficiados porque a viagem em tracção eléctrica entre o Porto e Viana do Castelo poderá ser reduzida entre 15 a 20 minutos.

Actualmente o tempo de percurso entre as duas cidades varia entre 1 hora e 23 minutos num comboio inter-regional a 1 hora e 45 minutos num regional, mas a grande vantagem será o fim dos transbordos em Nine (onde os passageiros mudam de um comboio suburbano da CP Porto para um regional para o Minho) passando a viagem a ser directa.

O Celta faz a viagem Porto – Viana em uma hora, mas tem um tarifário superior uma vez que a sua vocação é o serviço internacional Porto – Vigo. Este comboio pouco ganhará com esta modernização porque continuará a ser feito com tracção diesel. E mesmo depois da modernização ter chegado a Valença, será preciso esperar que os espanhóis também electrifiquem a sua linha até à fronteira.

Em causa estão apenas seis quilómetros de via férrea do lado espanhol para trazer a catenária até Valença, mas o PÚBLICO apurou que não há nada protocolado entre os dois países para evitar que a electrificação do lado português não “morra” na fronteira.

O histórico nesta matéria não deixa nuestros hermanos bem colocados. Em 1995 Portugal electrificou a linha da Beira Alta até Vilar Formoso. Em 2003, na cimeira ibérica da Figueira da Foz, Espanha comprometeu-se a electrificar a sua linha de Salamanca a Vilar Formoso, mas 13 anos depois a linha eléctrica só existe do lado português.

Fonte do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas disse ao PÚBLICO que estas questões transfronteiriças aguardam pela próxima cimeira ibérica para serem discutidas. Só que a ausência de governo do lado espanhol não o tem permitido.

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