Quintinha Abc — Associação Protectora dos Animais

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. A Quintinha Abc acolhe, em Palmela, perto de cem animais — e não são apenas cães e gatos

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Quintinha Abc

Antes de ser uma associação protectora dos animais, a Quintinha Abc era, precisamente, uma quinta. Há seis anos, após perceber que muitos animais domésticos precisavam de ajuda imediata em Palmela, Ana Elísia Monteiro optou por criar a associação. O espaço foi sendo adaptado à permanência de cães e gatos e o número de espécies foi crescendo: porquinhos-da-índia, porcos e até uma ovelha paraplégica, a Hortênsia. Hoje são perto de cem os animais apoiados e a Quintinha Abc está “absolutamente sobrelotada”.

“Somos frequentemente brindados com ninhadas de cães e gatos de cidadãos que se recusam a perceber como a esterilização é crucial para o controlo populacional e se negam a assumir responsabilidade pelos seus actos negligentes”, desabafam a presidente, Ana Elísia, e uma das voluntárias, Daniela Jones Dias. “As prioridades da Quintinha Abc passam por regularizar os valores pendentes em clínicas veterinárias que coloboram connosco e reestruturar as instalações improvisadas de que dispomos”, explicam. O objectivo? “Dar aos animais todo o conforto que merecem, enquanto aguardam por uma família.”

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais.

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Acreditamos ser prioritário que, legalmente, os animais deixem de ser classificados como objectos, sendo dotados de uma personalidade jurídica própria que se coadune com a sua condição de seres sensíveis ou sencientes. Como sabemos, os cidadãos aprendem com exemplos e o Governo de Portugal tem de ser o primeiro a dar o exemplo na forma como trata os seus animais. Tendo esta medida como alicerce é essencial depois implementar formas de sensibilizar as populações para esta matéria, nomeadamente as crianças nas escolas.

Um caso marcante.

Temos de destacar o caso da denominada “casa dos horrores” aqui mesmo, em Palmela, o qual foi amplamente noticiado pelos meios de comunicação social em 2014. Foram resgatados cerca de 200 animais domésticos que eram mantidos numa única casa em condições absolutamente degradantes. Daquelas situações que esperamos, na pior das hipóteses, conhecer através de vídeos virais que circulam nas redes sociais e que imaginamos, com optimismo, que não existam perto de nós. É assustador que o ser humano seja capaz de submeter outros seres sencientes àquele tipo de sofrimento sem qualquer sentimento de culpa, apenas com o objectivo de os comercializar e gerar benefícios fiscais. Felizmente, também nestas situações, existem finais felizes. Actualmente, um dos animais retirados desta casa é feliz ao lado da presidente da Quintinha Abc.

Um conselho para quem quer adoptar um animal.

Sugerimos que imagine um dos piores cenários possíveis: o animal tem um comportamento difícil de gerir, tem tendência a destruir a mobília lá de casa, tem alguns problemas de saúde dispendiosos numa altura enomicamente complicada, por exemplo. Se, depois de considerar este cenário apocalíptico, ainda quiser adoptar e estiver disposto a fazer o melhor por este animal antes mesmo de o conhecer, está pronto para o fazer.

Um projecto que tem que ser conhecido.

Todas as associações que conhecemos e com as quais nos relacionamos têm mérito no trabalho altruísta que desenvolvem. Não querendo, de forma nenhuma, tirar o foco destes projectos sociais, gostávamos de destacar um espaço com o qual temos uma parceria recente. Falamos do café “Aqui há gato” em Campo de Ourique, Lisboa. À semelhança do que acontece já noutras cidades europeias, mas sobretudo da Ásia, este espaço proporciona a experiência de uma refeição peculiar, rodeada por felinos domésticos (ou para quem já vive por eles rodeado, só mais uma refeição!). Consideramos que este espaço, mais do que um papel no comércio e no turismo, tem também uma função social e cultural, educando e promovendo a integridade e os direitos dos animais na sociedade portuguesa.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer.

Devemos destacar a Dona Bia que, em conjunto com o marido, José Miguel, não só cedeu o terreno onde estão localizadas as instalações actuais da Quintinha Abc como dedica todo o tempo disponível a tratar destes animais, garantindo as suas necessidades básicas. Sempre que existe falta de pessoal voluntário no terreno — como, de forma preocupante, tem sucedido nos últimos meses —, é esta senhora quem assegura a alimentação dos animais e a limpeza dos espaços. Apesar da idade e dos problemas de saúde, não deixa de fazer diariamente o melhor que pode, preocupando-se com o bem-estar dos animais. Podemos dizer que não é capaz de deitar a cabeça na almofada sem antes verificar se todos estão bem.

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