O Vodafone Paredes de Coura de Fred (Orelha Negra)

O Vodafone Paredes de Coura arranca esta quarta-feira, 17 de Agosto, e cabe aos Orelha Negra encerrar a noite. Falámos com o Fred sobre o concerto e não só — o baterista recorda as suas várias passagens pelo festival e diz-nos que concertos não perder nesta edição

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Guilherme Marques

Finalmente, o Vodafone Paredes de Coura vai começar. Durante quatro dias, haverá tempo para testemunhar o regresso-surpresa da banda do século XXI (LCD Soundsystem, quem mais?), para auscultar música de agora, com Cage The Elephant ou CHVRCHES, vibrar com o rock’n’roll à maneira, como o dos Thee Oh Sees e dos King Gizzard & The Lizard Wizard. E muito mais.

Hoje, 17 de Agosto, começa a maratona, ainda que devagarinho, que só há um palco a funcionar. O grande destaque são os Unknown Mortal Orchestra, mas a música não fica por aqui: a noite começa com os We Trust, que se apresentam muito bem acompanhados pelos jovens de Coura, e continua com a dupla indie Best Youth e a superbanda Minor Victories — quem diria que, um dia, haveria um grupo formado por membros dos Editors, Slowdive e Mogwai? À 1h45, a fechar com chave de ouro, há o regresso dos Orelha Negra, o grupo formado por Fred, Cruzfader, Sam The Kid, Francisco Rebelo e João Gomes que acredita em canções sem fronteiras, concebendo a sua música como uma máquina instrumental cheia de groove em que cabe hip-hop, r&b, funk, soul e jazz.

Há um disco novo a caminho, do qual já se conhece “Parte de Mim” e “Sombra”, e a já habitual “mixtape”, mas o concerto em Coura não será inteiramente baseado no que aí vem. “Será um alinhamento bem equilibrado”, diz Fred ao P3, “composto por algumas canções novas, coisas mais antigas e medleys com músicas de vários artistas, como música portuguesa ou hip-hop”. Quase para agradar a gregos e a troianos: “Quem conhece, vai poder ouvir músicas mais antigas que se calhar não ouve há algum tempo; quem não conhece vai conseguir ver a diferença de géneros que conseguimos percorrer”.

A "demo" que passou pelos Da Weasel em Coura

Todos os músicos que integram os Orelha Negra integram outros projectos musicais. Fred, por seu turno, é um dos mais badalados bateristas e produtores que pisam território nacional e, à conta disso, já pisou uma data de vezes o palco do festival Paredes de Coura — a última foi no ano passado com a Banda do Mar, 14 anos depois da primeira, em 2001, a bordo dos Yellow W Van. “Ficámos a acampar atrás do palco, só conseguimos dormir depois dos concertos terem terminado”. E foi nesse concerto que acabaria por se dar um acontecimento: “Éramos novinhos e queríamos que o Mário Barreiros produzisse o nosso disco. Nesse dia, tocavam os Da Weasel e acabámos por lhes dar uma ‘demo’ para ver se eles a passavam ao Mário. E ele contactou-nos algum tempo depois para produzir o álbum”.

Em 2006, Fred acabaria por actuar ao lado de Zé Pedro com os Maduros, um concerto que, confessa, foi “complicado”: “As pessoas estavam à espera de outra coisa. Deu um bocado de luta, foi desafiante”. Mas nunca se irá “esquecer daquele dia”, da preparação, da excitação para tocar — e “tocar com o Zé Pedro não é todos os dias”. Agora só lhe falta ir a Coura sem ser em trabalho: “Espero um dia conseguir ir como festivaleiro”.

Pedimos-lhe para espreitar a programação da 24.ª edição do Vodafone Paredes de Coura e dar-nos as suas sugestões. Não foi fácil — os cinco concertos "a não perder" passaram para mais uns quantos (a lista incluía Time For T e Quelle Dead Gazelle que tocaram nos últimos dias na vila): “É um cartaz excelente, muito rico, cheio de nomes gigantescos. Quem me dera ter tempo para ficar os dia todos”.

CHVRCHES

"Gosto daquela onda deles, tem a ver comigo em algum aspecto. Há qualquer coisa neles que me faz querer ver o concerto. Não é por acaso que estão anunciados como cabeça de cartaz."

LCD Soundsystem

"Sou bastante reticente em relação regressos, mas estou curioso com o que vai acontecer. Há-de ser bom, um concerto espectacular."

King Gizzard & The Lizard Wizard

"Ouvi falar bastante deles e não os conheço muito bem."

Capitão Fausto

"Gosto muito do último disco deles, ouço-o muitas vezes."

Filho da Mãe & Ricardo Martins

"São dois artistas que admiro muito."

Sean Riley & The Slowriders

"Gosto da música deles e quero dar-lhes um abraço de força neste momento difícil."

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