Chamas levam aldeia de Arouca a ser evacuada

Ao princípio da tarde estavam "em aberto" 140 incêndios. Há povoações em risco.

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O incêndio de Melres tem duas frentes activas Marco Duarte/NFactos

Os moradores da aldeia da Castanheira, em Arouca, foram retirados de suas casas por causa do incêndio florestal que lavra há cerca de 20 horas na Serra da Freita. “Os que não quiseram sair de casa ficaram protegidos com a GNR e com os bombeiros”, disse à Lusa o presidente da Câmara de Arouca, José Artur Neves.

As chamas chegaram perto da Casa das Pedras Parideiras, uma infraestrutura municipal situada à entrada da aldeia, que tem 11 habitantes, tendo ardido três palheiros. “Há casas mesmo ao lado, mas os bombeiros conseguiram impedir que o fogo se alastrasse às moradias”, disse José Artur Neves, acrescentando que chegou a rebentar uma garrada de gás que estava dentro de um dos palheiros atingidos pelas chamas.

O presidente da câmara referiu ainda que há mais duas povoações em risco, nomeadamente os lugares de Souto e Redondo e Ameixieira, mas ainda não foi necessário evacuar casas. De manhã, devido à proximidade das chamas, as autoridades decidiram evacuar o parque de campismo de Merujal.

Segundo o site da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), pelas 15h45 deste domingo havia cerca de 140 incêndios “em aberto”, de norte a sul o país, a serem combatidos por cerca de 2700 homens. O mapa dos fogos está constantemente a ser actualizado.

A autoestrada A1 está cortada nos dois sentidos, ao quilómetro 250, junto a Albergaria-a-Velha, distrito de Aveiro, devido às chamas. O corte já provocou uma fila de viaturas de cerca de cinco quilómetros.

Outro incêndio, que deflagrou num eucaliptal em Salreu, concelho de Estarreja, distrito de Aveiro, obrigou ao corte da A29 (entretanto reaberta), e está a ser combatido por 49 homens e dois meios aéreos.

Casas evacuadas em Melres

Uma casa “ardeu completamente” e outras ficaram “chamuscadas” em Vale Travessos, na freguesia de Melres, concelho de Gondomar, num incêndio que obrigou a retirar “cerca de 20 pessoas” das suas habitações, revelou à Lusa o presidente da junta de freguesia, José Andrade.

“Há casas ardidas. Uma moradia ardeu completamente e as habitações vizinhas ficaram chamuscadas. Cerca de 20 pessoas foram retiradas de casa por volta das 11h, em Vale Travessos, Melres. Há um idoso de 92 anos hospitalizado, que já tinha sido retirado da habitação por volta das 07h”, descreveu o presidente da junta de freguesia de Melres e Medas.

Este fogo, que começou na tarde de sexta-feira, ameaçou no sábado as povoações de Vilarinho e de Moreira e foi dado como dominado durante a madrugada. Estava, pelas 02h da manhã, “em resolução”. José Andrade apelou, por volta das 09h, a um reforço de meios da Protecção Civil, lamentando que o posto de comando ali instalado no sábado tenha sido retirado pelas 04h deste domingo.

O sinistro “em povoamento misto” foi, pelas 10h, colocado pela ANPC na lista de “ocorrências importantes”, designação atribuída a incêndios rurais “de duração superior a três horas e com mais de 15 meios de protecção e socorro envolvidos”. Às 15h15, tinha duas frentes activas e estava a ser combatido por 192 homens, 63 meios terrestres e cinco meios aéreos.

A EN 108, em Melres foi cortada nos dois sentidos e a autarquia, liderada por Marco Martins, pediu aos curiosos que “deixem a via desimpedida e não procurem qualquer espaço, nomeadamente a marginal, para ver o incêndio” que, segundo revelou o presidente da junta de freguesia de Melres e Medas, está a deixar em perigo “muitas habitações” nas povoações de Cimo de Vila, Vilarinho e Moreira.

“Eu próprio já retirei de casa um idoso de 92 anos. A situação é muito similar à de sábado, mas para pior, porque o fogo está mais pulverizado”, disse.

“As coisas estão muito más”, disseram à Lusa os Bombeiros Voluntários de Melres, sem disponibilidade para prestar mais informações devido ao elevado número de chamadas que estavam a receber.

Outro incêndio importante em curso é o de Vale de Cambra, Aveiro, com três frentes activas. Este fogo “em mato” começou pelas sete e meia da manhã, na localidade de Felgueira, freguesia de Arões, e está a ser combatido por 130 operacionais e 44 meios terrestres.

No distrito de Viana do Castelo, um incêndio na Peneda, freguesia da Gavieira, concelho de Arcos de Valdevez, Parque Nacional Peneda-Gerês, começou na quinta-feira e às 15h00 deste domingo continuava a mobilizar 117 homens e 39 meios terrestres.

Em Rossas, Bragança, as chamas estão a ser combatidas por 92 operacionais e 26 meios terrestres. E em Gouveia, distrito da Guarda, estão mobilizados 76 homens, 22 meios terrestres e dois meios aéreos. O incêndio começou pelas 5h51 na localidade de Melo, freguesia de Melo e Nabais, concelho de Gouveia.

 

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