Direcção-Geral da Saúde alerta população para o calor dos próximos dias

As pessoas devem hidratar-se e ter atenção às horas de maior calor. Lares aconselhados a ter espaços frescos onde os idosos possam estar. Em algumas zonas, as temperaturas vão subir acima dos 40ºC.

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“Vamos ter três ou quatro dias de temperaturas relativamente quentes”, disse Vanda Pires, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera miriam lago

Beber bastante água, sumos naturais ou leite. Evitar consumir bebidas com cafeína, açucaradas ou alcoólicas. Procurar estar pelo menos duas horas diárias num local fresco, para que o corpo possa restabelecer a sua temperatura normal. Estes foram alguns dos conselhos deixados nesta sexta-feira pela subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa, em Lisboa.

A partir deste sábado e até terça-feira o calor regressa em força. Após uma semana de temperaturas amenas, vai notar-se novamente, primeiro no interior do país, depois no litoral. “Vamos ter três ou quatro dias de temperaturas relativamente quentes”, especificou Vanda Pires, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Dia 7, domingo, será o mais quente deste período, prevendo-se para as regiões centro e sul interior temperaturas acima dos 40ºC.

Nessa noite, está prevista para Lisboa uma temperatura de 26ºC. São justamente as temperaturas muito elevadas à noite que preocupam as autoridades de saúde. Graça Freitas alertou a população para a importância da prevenção, sublinhando a relevância da hidratação para a regulação da temperatura corporal. “A perda de água poderá levar a uma descompensação” dos doentes crónicos, avisou.

A subdirectora-geral da Saúde disse ainda que a hidratação não precisa de ser feita só à base de água: “Para quem não gosta de água é possível fazer infusões com hortelã ou limão”, por exemplo. Beber sumos naturais ou beber leite são outras sugestões, tal como o consumo de hortícolas e frutas, nomeadamente melão, melancia ou tomate.

É de evitar a exposição solar, sobretudo nas horas de mais calor (das 11h às 17h) e recomenda-se o uso de protector solar (acima de 30), de chapéu e de roupa larga, preferencialmente de algodão ou fibras naturais. As intoxicações alimentares são outro problema identificado por Graça Freitas, por causarem vómitos e diarreia, o que leva à perda de água.

A subdirectora-geral da Saúde destacou ainda a importância da solidariedade, principalmente com os idosos, pois é essencial ir controlando se estes estão a cumprir as medidas de prevenção correctamente, caso contrário é preciso ajudá-los.

Mais mortes

Relativamente às medidas da responsabilidade da Direcção-Geral da Saúde, está activo o chamado plano de contingência para as temperaturas extremas adversas, um plano descentralizado que chega tanto às unidades de saúde mais pequenas como aos hospitais, diz Graça Freitas. 

Falando de um esforço comum de várias entidades, nomeadamente da DGS, da Segurança Social e da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a subdirectora-geral nota que foram feitos alertas às instituições responsáveis por idosos para que tenham especial atenção à temperatura dos seus espaços, tentando ter pelo menos uma zona com climatização onde os seus utentes possam estar pelo menos duas horas por dia.

Relativamente à mortalidade em Julho, no total e agora já com dados de todo o mês, houve mais 843 óbitos face ao observado no mesmo mês de 2014 e 2015. Mas, como a partir de Março deste ano se verificou um acréscimo de mortalidade ao longo de todos os meses (não por causa do calor mas devido a outros factores) foi necessário corrigir este efeito, explicou ao PÚBLICO Graça Freitas. Das temperaturas elevadas poderão ter resultado, eventualmente, mais "372 mortes", afirma, sublinhando que o impacto do calor não está a ser, por enquanto, "dramático".

No final de Julho, recorde-se, a Direcção-Geral da Saúde revelara já que o calor provocara naquele mês um acréscimo de 647 mortes face ao esperado em iguais períodos do passado, principalmente nas pessoas com mais de 75 anos, mas, destes óbitos, menos de três centenas poderiam ser atribuídos ao calor. Nessa altura, Graça Freitas explicou que, desde Março passado, o excesso de mortalidade face ao esperado já se começara a verificar, provavelmente porque o último Inverno "foi benigno", permitindo a algumas "pessoas em situação mais frágil sobreviver durante mais algum tempo". Por isso é que os dados do excesso de mortalidade que podem ser atribuídos ao calor têm que ser calibrados com o maior número de óbitos verificados ao longo dos últimos meses, justificou.

Seja como for, segundo o Boletim Climatológico do IPMA, o mês de Julho foi o segundo mais quente desde 1931, com médias de temperaturas máximas e mínimas muito superiores ao normal

A ANPC, por seu lado, chama à atenção da população para o risco de incêndio que se mantém em níveis “elevado” e “muito elevado”, em especial nas regiões do interior Norte e Centro, Vale do Tejo e Algarve.

Texto editado por Andreia Sanches

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