Fundação acusa câmara de Miranda do Corvo de proibir patrocínio a clube de futebol

Fundação propunha-se pagar para que camisolas do Clube Atlético Mirandense fizessem publicidade a dois empreendimentos seus.

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A câmara de Miranda do Corvo aumentou o seu apoio ao clube para compensar o patrocínio negado Sérgio Azenha

A fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) diz que a Câmara Municipal de Miranda do Corvo impediu que os equipamentos do Clube Atlético Mirandense fizessem publicidade ao Hotel Parque e ao Parque Biológico da Serra da Lousã, ambos propriedade da fundação.

O presidente da ADFP, Jaime Ramos, que já ocupou o cargo da presidência da mesma autarquia pelo PSD, acusa o actual presidente socialista, Miguel Baptista, de ter proibido o Mirandense de fazer o acordo com a fundação.

Jaime Ramos, que foi também deputado à Assembleia da República pelo PSD e cuja irmã ocupou igualmente a presidência do município entre 2002 e 2013 pelo mesmo partido (e que não se recandidatou devido à lei da limitação de mandatos), alega que o autarca do PS terá chamado os dirigentes do clube e ter-lhes-á dito que não autorizava o acordo, justificando que o município confere uma quantia anual para que a colectividade faça frente às despesas. Esta informação, assegura, foi-lhe transmitida pelos dirigentes do Mirandense. Para compensar a ausência de patrocínio nas camisolas dos dois empreendimentos da fundação, diz Jaime Ramos, o autarca terá proposto um aumento dessa verba em 4 mil euros.

Contactado pelo PÚBLICO, Miguel Baptista, não quis prestar declarações, referindo que não deseja alimentar o que classifica como “polémicas políticas”.

Em comunicado enviado às redacções, a fundação dá conta de que, com a publicidade, o clube conseguiria “fazer face a despesas, viabilizando melhor o seu projecto desportivo e promovendo o concelho”.

O projecto desportivo do Clube Atlético Mirandense passa por recuperar a equipa de futebol de seniores para disputar a Primeira Divisão Distrital de Coimbra. A última vez que o Mirandense competiu foi na época de 2009/2010, explicou o presidente da colectividade, Fernando Daniel, ao PÚBLICO. Desde então, o clube que utiliza as instalações do Estádio Municipal conta apenas com as camadas jovens, cujas camisolas de iniciados e juvenis fazem já publicidade ao Hotel Parque e ao Parque Biológico.

No entanto, sobre as questões levantadas pela ADFP, o dirigente prefere não comentar. A direcção do Mirandense “esclareceu com as duas entidades todas as situações, portanto não tem mais comentários a fazer”, afirma o presidente.

Esta não é a primeira vez que a entidade fundada pelo social-democrata faz acusações que têm como alvo a gestão socialista da câmara. A ADFP anunciou em 2015 a construção de um templo ecuménico na serra da Lousã, empreitada embargada já em Março deste ano. Em causa estaria a alteração da orientação da porta e escadaria de acesso, assim como o arranque de cepas de eucaliptos nessa área, como anunciou na altura a ADFP em comunicado. A autarquia chegou mesmo a levantar um processo de contraordenação cuja coima a aplicar à fundação se fixava entre 240 mil e 5 milhões de euros, anunciou em Abril a organização.

Na sequência do embargo da construção da estrutura inter-religiosa, a fundação pediu um parecer à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, entidade que estabelece a reserva ecológica e que terá dado o aval à continuação dos trabalhos, explica Jaime Ramos. O responsável afirma que o parecer “não punha nenhum problema às alterações” do projecto inicial feitas no decorrer da obra e que o documento foi depois entregue na câmara. Sobre a coima, garante, não voltaram a ter informações.

Segundo o presidente e fundador da ADFP, as obras prosseguiram e a data prevista para a inauguração do edifício mantém-se inalterada, a 11 de Setembro deste ano. 

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