Centro histórico do Porto vai albergar mais 130 famílias

Autarquia prevê investir cerca de 4 milhões de euros na reabilitação das casas.

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Paulo Pimenta

A Câmara do Porto prevê que 130 famílias regressem ao centro histórico nos próximos dois anos. Nas freguesias da Sé, São Nicolau, Vitória e Miragaia, 57 casas estão “praticamente prontas” e 17 edifícios estão a aguardar uma “reabilitação mais demorada” para alojar famílias que queiram voltar a habitar o coração da cidade, informou o vereador da Habitação e Acção Social, Manuel Pizarro.

Na reunião camarária desta terça-feira, o vereador do PS frisou que esta é a “primeira operação que pretende repovoar o centro histórico” que tem “perdido população sucessivamente”. A degradação das casas do centro histórico tem “empurrado” a população para bairros na periferia da cidade, salientou. Agora, a câmara quer que algumas dessas famílias possam regressar à zona de onde tiveram de sair, caso o queiram fazer.

O programa de reabilitação das Casas do Património vai custar à autarquia "pouco mais de quatro milhões de euros", referiu Manuel Pizarro. As 57 casas e 17 edifícios do centro histórico vão ser transferidas para a empresa municipal Domus Social, ficando afectas à habitação social, conforme proposta aprovada pelo executivo, com o voto contra da CDU.

De acordo com a proposta, a Câmara do Porto prevê que a Domus Social disponibilize "cerca de 120 habitações, predominantemente das tipologias T1 e T2" e ainda “sete estabelecimentos comerciais”. O vereador com o pelouro da Habitação informou ainda que já há uma lista de 120 famílias inscritas que manifestaram interesse em regressar ao centro histórico.

O vereador da CDU, Pedro Carvalho, alertou para dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que “a cidade está a perder 12 habitantes por dia, sobretudo no centro histórico do Porto", sublinhando estar a favor de “todas as opções para reabilitar” a zona. No entanto, o vereador afirma estar “contra” a transferência da gestão e exploração dos imóveis das Casas do Património para a Domus Social, justificando assim o seu voto contra.

Crítico, o presidente da Câmara do Porto acusou a CDU de estar em "negação em relação à cidade do Porto”. Na resposta a Pedro Carvalho, Rui Moreira salientou que “não é verdade que tenha sido o turismo a afastar as pessoas do centro histórico”. “O centro histórico está tão vazio que cabem as pessoas que lá estão, as pessoas que nós queremos pôr lá e os turistas. As pessoas saíram do centro histórico por causa do congelamento das rendas, por causa da degradação da habitação, por causa das políticas de construir habitação social periférica, da construção de guetos”, rematou.

Eulália Silva, que mora nas escadas do Codeçal, por baixo da Ponte Luís I, é uma das pessoas que poderá ser realojada numa das casas reabilitadas já “nos próximos dias”. A garantia foi dada por Manuel Pizarro, como resposta às inúmeras queixas que a moradora tinha apresentado desde que o metro começou a passar na ponte por lhe caírem em casa parafusos e também por causa do ruído. Depois de anos de um braço-de-ferro entre a câmara e a Metro do Porto sobre quem devia assumir a responsabilidade pelo realojamento da moradora, o vereador Manuel Pizarro anunciou que a empresa de transportes aceitou, finalmente, assumir esse encargo.

Texto editado por Ana Fernandes

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