Câmara do Porto admite rever preço de estacionamento na Asprela

Autarquia pode mexer nos tarifários praticados, numa altura em que os estudantes contestam a colocação de parquímetros na zona.

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A comunidade académica queixa-se do preço do estacionamento nas ruas da Asprela Adriano Miranda

A Câmara do Porto mostra-se disponível para rever as taxas de estacionamento cobradas em arruamentos na zona do pólo universitário da Asprela, um local que está incluído num zonamento “que poderá não estar muito actualizado, tendo em conta aquilo que é hoje a cidade”, disse ao PÚBLICO Nuno Santos, adjunto de Rui Moreira. Confrontado com a posição da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que esta terça-feira considerou que introdução de parquímetros naquela zona “penaliza directamente sobretudo os estudantes sem boas alternativas de transporte público e que podem ter de permanecer na FEUP por períodos longos”, Nuno Santos considerou o “assunto encerrado”.

“Isto é um zonamento que existe há anos e que não tem nada a ver com a concessão. Há zonas em que não se percebe muito bem o que é a 50 cêntimos ou a um euro”, sendo necessário “uniformizar algumas zonas que de facto poderão ter um valor semelhante”, explicou o responsável pela comunicação do município. A zona da Asprela poderá ser uma dessas áreas, admitiu. 

Em comunicado emitido esta terça-feira, a Faculdade de Engenharia salienta que os seus parques de estacionamento têm uma “capacidade limitada face à sua comunidade de mais de 10 mil estudantes, técnicos, investigadores e professores”, pelo que o parqueamento na via pública tem sido um “complemento importante para assegurar a acessibilidade às suas instalações”.

“O estacionamento taxado é um objectivo da Câmara para disciplinar o trânsito e promover a rotatividade do estacionamento e o transporte público”. Sendo a Asprela “uma zona de grande pressão, de chegada de milhares automóveis do exterior, é precisamente para essas zonas que se aplicam os parcómetros”, explicou Nuno Santos.A faculdade reconhece a necessidade de “estimular a transferência modal do transporte individual para o transporte público” naquela zona. Mas a instituição propõe “uma diferenciação de taxas entre a periferia mais afectada (parte da Asprela) e o centro da cidade” porque existem diferenças na “ocupação do solo e actividades inerentes” nas duas zonas.  E é a este nível que a Câmara admite agora actuar com a revisão do zonamento “como um todo”. 

Recorde-se que, na semana passada, foi lançada uma petição, que propõe o fim do estacionamento pago na rua Dom Frei Vicente da Soledade e Castro, na Asprela. Também as associações de estudantes das faculdades de Engenharia, Economia, Desporto e Ciências da Nutrição e da Federação Académica do Porto (FAP) dirigiram uma carta aberta ao presidente da Câmara do Porto, na sexta-feira. 

Carta aberta assinada por quatro faculdades e FAP

No documento, as associações alertam para o facto de, no seu conjunto, estes estabelecimentos serem “frequentados por 15 mil estudantes”, sendo que o “acesso a zonas de estacionamento não taxadas abrangia cerca de 300 lugares de estacionamento”. 

Para além da despesa acrescida, os autores da carta salientam que as regras de utilização dos parquímetros “não se coadunam com a frequência de aulas”. “A maior parte dos estudantes não dispõe de cartão de crédito para associar à aplicação Telpark”, pelo que “restará a alternativa de, regularmente, colocar moedas no parquímetro durante o dia de aulas”, argumentam.

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