Apenas um dos estreantes fica pelo caminho

Passam aos oitavos-de-final quatro das cinco equipas estreantes em europeus. Albânia e Turquia são eliminadas, apesar de terem conseguido vitórias.

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A Albânia até ganhou um jogo, mas já saiu do Euro 2016 Kai Pfaffenbach/Reuters

Este Euro 2016 trouxe algumas surpresas quanto aos primeiros classificados dos grupos (Espanha e Inglaterra foram surpreendidos por Croácia e País de Gales) e algumas surpresas nas equipas que ficaram pelo caminho. Nos grupos A, D e E vão para casa as equipas que já eram, teoricamente, as equipas menos fortes do grupo, mas nos grupos B, C e F, houve selecções a desiludir.

No grupo A, ficam pelo caminho Roménia e Albânia. Ambas deixaram uma imagem agradável, sobretudo por terem “batido o pé” à França, a grande potência deste grupo. Por não serem selecções muito apetrechadas a nível individual, ambas fizeram valer o colectivo e, acima de tudo, a capacidade de defender de forma segura.

Na Roménia, destaque para Chiriches e Stancu. O primeiro é o patrão de uma defesa que se mostrou sólida, revelando ainda a já conhecida capacidade na saída de bola, que, por vezes, o levou a exagerar e perder bolas em zonas “proibidas”. O extremo Stancu fez dois golos nos primeiros dois jogos, ambos de grande penalidade, e deu bastante qualidade nas saídas da Roménia em ataque rápido.

Na Albânia, tem de ser destacada a forma quase heróica como a equipa aguentou 90 minutos, frente à França, sem sofrer golos. Quando tudo estava encaminhado para um empate histórico (somado aos três pontos feitos pela Albânia neste europeu, daria a qualificação aos homens dos balcãs), Griezmann e Payet, em período de compensação, deram a vitória aos franceses. A Albânia é uma das duas equipas (a outra é a Turquia) que é eliminada tendo conseguido uma vitória (Portugal, por exemplo, apurou-se com três empates). Destaque para Hysaj e Ajeti. Hysaj, lateral do Nápoles, confirmou os créditos que trazia de Itália: segurança a defender, bem a usar o físico e muito potente a sair para o ataque e a criar desequilíbrios. O defesa-central Ajeti começou o europeu como suplente, mas entrou no segundo jogo, para o lugar de Cana, que estava suspenso. O central fez um grande jogo frente à França e, curiosamente (ou não), os franceses só conseguiram fazer golos à Albânia, depois de Ajeti ser substituído, aos 85 minutos.  

No grupo B, vacilou a Rússia. À partida para este europeu, os russos eram apontados como os principais candidatos ao segundo lugar, apenas atrás da Inglaterra. Eis que surgiu um País de Gales muito forte e uma Eslováquia “de pantufas”, para deixar de fora a armada de Leonid Slustky, que se demitiu do cargo. Os russos, com um elenco muito experiente (há quem diga demasiado experiente – envelhecido, até) apresentaram um futebol pobre, apesar de terem conseguido empatar com a Inglaterra na primeira jornada. A nível individual poucos destaques podem ser feitos, com as estrelas Shatov, Dzyuba e Kokorin a apresentarem-se pouco capazes de encontrar soluções no ataque russo.

No grupo C, a Ucrânia mostrou-se um caso curioso. Depois de duas derrotas nos dois primeiros jogos, os ucranianos foram eliminados (e surpreendidos pela estreante Irlanda do Norte). Já sem hipótese de qualificação, a Ucrânia transformou-se na última jornada e deixou boa imagem na derrota, por 1-0, frente à Polónia. Os ucranianos dominaram o jogo e tiveram, pelo menos, nove ocasiões de golo, mas o desperdício fá-los sair deste Euro 2016 sem vitórias, sem pontos e sem golos. Destaque para Yarmolenko e Konoplyanka, que foram mostrando, a espaços, as credenciais que fazem deles as estrelas desta equipa e para Zinchenko, jovem médio-ofensivo de 19 anos que foi chamado à titularidade no jogo com a Polónia, mostrando muita qualidade técnica.

No grupo D, o desfecho foi previsível, dado que a checos e turcos caberiam, na teoria, as duas últimas posições do grupo. Os checos, ainda assim, pareciam ter menos qualidade individual do que os turcos e isso notou-se no duelo da terceira jornada. A estrela Rosicky lesionou-se, mais uma vez, e não pôde dar o seu contributo no jogo decisivo com a Turquia. Os checos defenderam bem frente à Espanha, na primeira jornada, mas acabaram por sofrer um golo na parte final do jogo. Com a Croácia, no segundo jogo, fica o registo da grande recuperação da República Checa, que conseguiu o empate 2-2, depois de estar a perder 0-2. Individualmente, os checos não entusiasmaram. Kaderabek, lateral direito, fez dois bons jogos, mas sofreu muito com os extremos da Turquia, enquanto Plasil, médio muito experiente, foi mostrando qualidade na circulação de bola. 

A Turquia, tal como a Ucrânia, “acordou” tarde. Demasiado tarde. Após dois maus jogos, os turcos apresentaram um bom nível frente à República Checa e ficaram até ao último segundo desta fase de grupos à espera do apuramento. Com o golo tardio da Irlanda frente à Itália, não há espaço para a Turquia nos oitavos-de-final. Na equipa turca, o destaque tem de ir todo para Emre Mor, jovem prodígio contratado pelo Borussia Dortmund, que apareceu em grande no último jogo da Turquia e espalhou magia frente à República Checa. Arda Turan, grande estrela desta selecção, foi assobiado pelos próprios adeptos e não deixa saudades neste europeu.

No grupo E, vai para casa a Suécia. Os escandinavos deram razão a quem os definia como “Zlatan + 10”. Apesar de ter, na teoria, um elenco mais forte do que o da Rep. Irlanda, os suecos não conseguiram chegar ao nível da Bélgica, da Itália e nem sequer dos irlandeses. No fim dos dois primeiros jogos, os suecos não tinham um único remate na direcção da baliza adversária. Tudo dito. A grande nota de interesse nesta Suécia é o fim do capitão: o Euro 2016 foi o último europeu de Zlatan Ibrahimovic, que já admitiu que vai abandonar a selecção.

A Áustria foi uma das desilusões do grupo F, talvez até deste europeu. Apontada, a par de Portugal, como favorita a passar aos “oitavos”, os austríacos acabaram por fazer apenas um ponto, fruto do empate com Portugal. A estrela, David Alaba, não se apresentou ao nível que tem mostrado no Bayern Munique e foi acompanhado por Arnautovic, que também não foi feliz neste europeu (muito individualista). Para amostra, apenas a forma como o guarda-redes Almer salvou a equipa frente a Portugal, deixando a equipa ainda sonhar, na última jornada, frente à Islândia. Texto editado por Jorge Miguel Matias

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