PSD não fecha a porta a um eventual apoio a Rui Moreira no Porto

Sociais-democratas jogam tudo no desgaste da coabitação entre o independente e o PS e dizem que o partido “tem feito uma política séria e construtiva”.

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No Porto, os principais partidos estão a assediar Rui Moreira RUF

Rui Moreira e o PSD-Porto estiveram reunidos na terça-feira, mas os sociais-democratas não deram, para já, nenhum cheque em branco ao independente relativamente à sua recandidatura à Câmara do Porto em 2017. Mas também não fecharam totalmente a porta. O PSD não pode esticar demasiado a corda porque não tem ainda ninguém disponível para liderar uma candidatura e António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP) e presidente da mesa do plenário do PSD-Porto, já se afastou da corrida autárquica.

Embora afirme que “não há contexto, não há razão absolutamente nenhuma para que o PSD abdique de apresentar um candidato”, Miguel Seabra, líder da concelhia do Porto, vai piscando o olho ao actual inquilino da câmara e empenha-se em mostrar que os sociais-democratas “têm feito uma política construtiva”. “Suponha que amanhã há um tsunami e que as coisas mudam completamente? Suponha que deixa de haver divergências e que nós nos revemos em tudo?”, vaticina o líder concelhio do PDS-Porto, em declarações ao PÚBLICO.

Miguel Seabra empenha-se em apontar a convergência do partido em relação a “documentos estratégicos da Câmara do Porto”. “Nós temos feito política de uma forma séria, de forma construtiva, nunca fomos obstáculos à aprovação dos documentos estruturais da Câmara do Porto, sempre viabilizámos os orçamentos, os documentos estruturais”, aponta, admitindo que a convergência política que tem existido entre o presidente independente e os socialistas, esse, é que pode mudar. “O que aí vem, o que vai ser feito pela câmara [daqui para a frente]? Não sabemos!”

O dirigente aproveita o momento para zurzir no vereador socialista, Manuel Pizarro, que tutela a Habitação e Acção Social na autarquia portuense, e separa águas.  “Acho que o PS tem tomado um conjunto de medidas nas quais nós não nos revemos. Tem sempre uma visão assistencialista da intervenção social e nós somos sempre por intervenções na área que quebrem o ciclo da pobreza, que capacitem as pessoas para que com o seu próprio esforço resolvam a situação de dificuldades que têm”, defende. Insistindo nas críticas, Seabra condena a “visão de distribuição de cheque” posta em prática pelo PS e aproveita para dizer que o presidente tem de intervir. “Se achar que isto está bem assim, se se sentir confortável ideologicamente com a forma como o PS gere a intervenção social na cidade é uma decisão política do presidente da câmara”.

Instado pelo PÚBLICO a denunciar casos concretos relativamente à distribuição de cheques, o social-democrata evitou dar exemplos, mas deixou a garantia de que o presidente da câmara irá “analisar a situação”. E voltou de novo à carga: “Suponha que o desconforto do presidente da câmara é tão grande depois de analisar o que o PS anda a fazer no na acção social, que retira os pelouros e a confiança política ao vereador Manuel Pizarro [que tutela a Habitação e Acção Social], aí, muita coisa muda”. “Imagine que [Rui Moreira] diz: 'estou farto da maneira como a Acção Social está a ser gerida, eu também não sou de esquerda e isto não pode continuar' e retira os pelouros e a confiança política ao vereador? Se assim for, muita coisa pode acontecer”.

O encontro, que decorreu a pedido da concelhia do PSD, eleita em Dezembro passado, realizou-se dois dias depois de Rui Moreira ter escrito no Correio da Manhã um texto onde recordou o apoio do CDS lhe deu na sua primeira candidatura à câmara e que o deixou satisfeito. “É por isso que se for esse o caso, agradecerei, de novo, o apoio do CDS, do PS ou de qualquer outro partido democrático que nos queira apoiar”.

A delegação laranja era constituída por Miguel Seabra, António Tavares, Luís Artur, Ricardo Almeida e Alberto Lima.

E as juntas?

Tal como em 2013, a candidatura de Rui Moreira conta com o apoio garantido dos democratas-cristãos e os socialistas preparam-se prescindir de apresentar uma lista própria à segunda autarquia do país e fazer campanha ao lado do actual presidente. O PS vai dizendo que o acordo está garantido, mas Rui Moreira empenha-se em dizer que nada está fechado. A questão que se coloca neste xadrez autárquico é saber se o PS vai apoiar o Movimento de Rui Moreira 'O Porto é o Nosso Partido' em todos os órgãos autárquicos ou se, no caso das juntas de freguesia e assembleia municipal, prefere concorrer separadamente. Mas Rui Moreira avisa que uma recandidatura do seu movimento, em 2017, “implica o cumprimento escrupuloso" do seu programa, como "exigência crítica" determina a escolha dos melhores para fazer parte das listas. "Foi isso que fizemos então e que voltaremos a fazer”, disse Rui Moreira.

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