PS prepara-se para autárquicas e autonomiza-se do Governo

Pena Pires estreia-se no Secretariado, Brilhante Dias regressa. Os membros do Governo vão para a Comissão Política.

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Eurico Brilhante Dias integrou o secretariado com António José Seguro Enric Vives-Rubio

Preparar as eleições autárquicas de Outubro de 2017 e autonomizar-se em absoluto do Governo são as duas características que sobressaem da nova composição do secretariado do PS, que foi eleito pela comissão nacional na quarta-feira à noite. Este órgão de direcção política foi renovado em nove dos seus 15 membros, estando entre as novidades o deputado, especialista em gestão e professor do ISCTE Eurico Brilhante Dias, que integrou essa mesma equipa com António José Seguro.

Um estreante de peso é o sociólogo e também professor do ISCTE Rui Pena Pires. Os outros são: Filipe Neto Brandão, deputado e coordenador da área da justiça no Parlamento; José Manuel Mesquita, advogado e jurista; Francisco César, deputado regional nos Açores que presidiu à Comissão de Organização do Congresso do PS; José Leitão, ex-Alto Comissário para as Migrações (ACIM) e antigo líder da JS; Susana Ramos, psicóloga, mestre em Medicina e directora do departamento acção social da Câmara de Lisboa; Eduardo Vítor Rodrigues, presidente Câmara de Vila Nova de Gaia; e João Azevedo, presidente da Câmara de Mangualde.

Além destes dois autarcas que entram no secretariado, saliente-se que a aproximação das eleições locais leva a que permaneçam no seu seio mais quatro presidentes de Câmara: Fernando Medina (Lisboa); Maria do Céu Albuquerque (Abrantes); Isilda Gomes (Portimão) Carla Tavares (Amadora), e ainda um quinto elemento com experiência autárquica, a deputada e ex-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha.

Do anterior secretariado (órgão também agora eleito) permanece a sindicalista Wanda Guimarães. A maioria dos ex-membros do secretariado que agora cessa funções transita para a comissão permanente, um órgão de gestão quotidiana do partido que reúne com a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendonça Mendes. Aí sentam-se Francisco André, Hugo Pires, João Galamba, Luís Patrão, Luísa Salgueiro, Maria Antónia Almeida Santos e Porfírio Silva. Por inerência, integram ainda o secretariado Carlos César, presidente do PS, Elza Pais, presidente do Departamento das Mulheres, João Torres, líder da JS, João Tiago Silveira, director do gabinete de estudos, e Edite Estrela, directora do Acção Socialista.

Dando concretização ao desejo de manter a autonomia da direcção política do PS autónoma do Governo, António Costa optou por retirar do secretariado os dois membros do Governo que a este órgão tinham ascendido há dois anos: a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade. Estes dois governantes passaram para a comissão política, onde têm assento vários outros membros do Governo como Adalberto Campos Fernandes, Ana Paula Vitorino, Augusto Santos Silva, Capoulas Santos, Constança Urbano de Sousa, Eduardo Cabrita, Jorge Seguro Sanches, José Luís Carneiro, Mariana Vieira da Silva, Pedro Marques, Vieira da Silva. Refira-se que também o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, permanece na comissão política.

No final da reunião em que decorreram as eleições, em declarações aos jornalistas, a secretária-geral adjunta afirmou que “este secretariado nacional mostra que há vida além do Governo. O PS tem a sua autonomia”.

Outro traço que ressalta do novo secretariado foi salientado por Ana Catarina Mendes: a “prioridade” dadas às eleições autárquicas. Elas “são absolutamente essenciais” para o PS, assumiu a secretária-geral adjunta. Já quando questionada sobre se esse acto eleitoral será, como defendeu o Presidente da República, o fim de um ciclo, a secretária-geral adjunta respondeu: “Espero que sejam o início de um ciclo auspicioso”.

Brilhante Dias promovido

Eurico Brilhante Dias foi convidado por António Costa a integrar o secretariado. O professor de gestão no ISCTE e deputado, regressa assim a um órgão que integrou pela primeira vez sob a liderança de António José Seguro. Refira-se que o trabalho de Eurico Brilhante Dias na comissão de inquérito ao Banif, onde é relator, tem sido visto como de grande qualidade e de lealdade pela direcção do PS. O convite foi formalizado ontem, já perto do começo da reunião. E o facto de haver um dirigente que é conhecido como um destacado apoiante de Seguro mostra como António Costa está preocupado em dar sinais para dentro do partido e para a sociedade de que quer pacificar e unir a ruptura que se deu quando da luta política que o opôs ao anterior secretário-geral.

Refira-se que outro segurista, Jorge Seguro Sanches, é secretário de Estado da Energia, tendo o seu convite para o Governo servido como sinal de que António Costa procurava já então criar pontes para com esta sensibilidade interna do PS. Agora Seguro Sanches e Álvaro Beleza foram eleitos para a comissão política. A mensagem de unidade foi assumida pela secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, perante os jornalistas: “Não há facções, nem sectarismos. Há um partido unido em torno do que é essencial.”

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