Deputado do PAN trouxe “novo olhar” e arejamento ao Parlamento

Depois da “curiosidade” inicial que despertou, há deputados que admitem que o representante do PAN dá um contributo “interessantíssimo” à Assembleia da República, tornando-a mais plural.

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Fernando Negrão falou sobre o deputado do PAN Enric Vives-Rubio

O deputado social-democrata Fernando Negrão não tem dúvidas de que a entrada de uma nova força política na Assembleia da República (AR), como foi o caso do PAN, nas últimas legislativas é algo “bom para os partidos tradicionais”, porque “areja todo o sistema”. Admite que, no início, alguns deputados poderão ter olhado com “curiosidade” para o recém-chegado André Silva, mas hoje em dia tal já não acontece: “Está perfeitamente integrado e aceite por todos os partidos”, assegura.

Os deputados ouvidos pelo PÚBLICO, do PSD e do PS, avaliam “positivamente” o desempenho e a entrada de André Silva na AR. “Embora tivesse feito a sua campanha com base no tema da protecção dos animais, o partido vai mais longe e trouxe para o Parlamento outras matérias, ligadas ao ambiente, trouxe outra perspectiva, uma perspectiva nova sobre temas que estão na agenda”, diz Fernando Negrão.

Para o deputado social-democrata a defesa dos animais e os temas do ambiente são assuntos que “os portugueses acarinham” e o PAN tem levado para a AR outras matérias relacionadas, como a defesa da floresta e questões ligadas à energia e à electricidade, elenca. Fernando Negrão tem “a certeza” que a presença do PAN “influencia as iniciativas e a maneira de legislar dos outros partidos políticos, que percebem que a sociedade civil quer que se discutam assuntos concretos”.

O deputado do PS Miranda Calha discorda que alguma vez André Silva pudesse ter sido olhado de forma menos séria na AR. “Acho que nunca houve um momento em que não fosse levado a sério. Eu não tive qualquer sensação de que tivesse havido uma maneira menos séria de abordar os temas. É um contributo interessantíssimo”, diz.

Miranda Calha considera que André Silva “tem correspondido àquilo que foi a razão de ser da sua eleição” – a questão dos animais. Aqui, porém, atrapalha-se, já não se lembra do significado da sigla do partido, para além de incluir animais. PAN quer dizer Pessoas-Animais-Natureza.

Seja como for, siglas à parte, o deputado socialista considera que André silva tem correspondido às expectativas do eleitorado com posições e iniciativas legislativas no Parlamento que se relacionam com as causas que defende – “animais e natureza, o que é muito relevante”.

“Esse conjunto de temáticas já eram abordadas por outros sectores, mas o PAN deu um contributo positivo para a abordagem, um contributo para a pluralidade”, diz.

Quem também entrou como nova deputada, tal como André Silva, em resultado das últimas eleições legislativas, foi a social-democrata Inês Domingos. Admite que, apesar dos constrangimentos regimentais que André Silva enfrenta por ser deputado único, “é natural” “que tenha mais visibilidade” do que um deputado recém-chegado e integrado num grupo parlamentar. Ser uma “novidade, um novo partido”, aumenta essa “visibilidade”, mas, ressalva a social-democrata, também depende dos deputados”.

No caso do PAN, Inês Domingos entende que a entrada do partido e a chegada de André Silva ao Parlamento significam “que existe um dinamismo da sociedade, até uma evolução”. Vê esta entrada de forma “muito positiva”, até porque o partido “transmite uma preocupação com temas relacionados com a natureza, os animais, e o crescimento sustentável que são importantes”.

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