MpD obtém maioria absoluta em Cabo Verde

Partido de Ulisses Correia e Silva põe fim aos 15 anos de poder do PAICV, que já reconheceu a derrota.

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Paulo Pimenta/Arquivo

As eleições legislativas de Cabo Verde ditaram uma maioria absoluta para o Movimento para a Democracia (MpD), que venceu as eleições com 53,6 % dos votos. O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), liderado por Janira Hopffer Almada e que esteve durante 15 anos no poder, ficou em segundo lugar, com 37,3 %.

Com 95,6 % dos votos apurados, o MpD elegeu 37 dos 72 deputados, o que lhe garante desde já a maioria absoluta, apesar de ainda faltarem eleger seis deputados. O PAICV nomeu 26, enquanto a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) foi a terceira força mais votada, com 6,8%, o que lhe permitiu eleger três deputados.

Os restantes partidos não conseguiram eleger qualquer deputado. O Partido Popular (PP) obteve 0,3 %, enquanto o Partido Socialista Democrata (PSD) e o Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS) conseguiram apenas 0,1 % cada um.

Na sede nacional do MpD, Ulisses Correia e Silva, que será agora o novo chefe de Governo cabo-verdiano, afirmou que será o “primeiro-ministro de todos os cabo-verdianos”, reiterando que os resultados foram "uma vitória de Cabo Verde".  O líder do partido de centro-direita foi secretário de Estado das Finanças entre 1995 e 1998 e ministro das Finanças entre 1999 e 2000, tendo também sido líder do grupo parlamentar do MpD entre Março de 2006 e Março de 2008.

Janira Hopffer Almada, actual líder do PAICV, citada pelo jornal A Nação, assumiu na noite de domingo “todas as responsabilidades” pela derrota do seu partido, afirmando que começa a partir desta segunda-feira a preparar o PAICV para uma oposição “construtiva” e “positiva”. Janira Almada esteve durante a campanha acompanhada por José Maria Neves, primeiro-ministro que cessa agora funções, e apresentou-se como a candidata da renovação do partido e dos jovens, prometendo a criação de 15 mil empregos por ano durante cinco anos. Contudo, as promessas de Ulisses Correia e Silva de estimular a economia e também criar emprego (cerca de 45 mil postos de trabalho na legislatura, disse) parecem ter convencido a maioria dos cabo-verdianos, terminando assim o reinado do partido de centro-esquerda que governou o país nos últimos 15 anos.

Também o líder do UCID, António Monteiro, reconheceu a derrota do seu partido, afirmando que o “medo” de uma nova vitória do PAICV levou a uma “lógica de voto útil”. “Os eleitores, com medo de terem o PAICV mais uma vez no poder, resolveram votar no MpD, prejudicando a UCID, que fez uma campanha forte, com mensagens muito claras e com alto teor de educação cívica”, afirmou Monteiro, citado pelo jornal A Semana.

O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, utilizou as redes sociais para felicitar os vencedores das eleições legislativas de domingo. “Venceu a democracia cabo-verdiana. Parabéns aos vencedores! Honra aos vencidos! A democracia continuou a funcionar e triunfou”, escreveu o Presidente na sua página pessoal do Facebook.

Mais de 350 mil eleitores cabo-verdianos foram chamados este domingo às urnas para eleger os 72 deputados ao Parlamento nacional, de onde sairá o Governo para os próximos cinco anos. A abstenção ficou na casa dos 33,7%.

 

 

 

 

 

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