Fotojornalista João Silva no júri do Prémio Estação Imagem Viana do Castelo

Inscrições para o prémio começam este sábado e prolongam-se até 31 de Março. Ex-presidente do júri do World Press Photo, Aidan Sulivan, presidirá o júri internacional da edição deste ano, que começa a 13 de Abril.

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Uma das imagens do trabalho vencedor da edição do ano passado, que se concentrou nas marcas da austeridade em Portugal Bruno Simões Castanheira

O fotojornalista português João Silva fará parte do júri que este ano escolherá os melhores trabalhos do Prémio Estação Imagem 2016 Viana do Castelo, a decorrer nesta cidade minhota entre os dias 13 e 17 de Abril. Do júri internacional do único prémio de fotojornalismo em Portugal farão ainda parte Aidan Sullivan (vice-presidente da Getty Images, presidente do júri do World Press Photo 2012), Cheryl Newman (directora de fotografia do Telegraph Magazine) e Laurent Rebours (chefe de fotografia da agência Associated Press em Paris).

As inscrições para o prémio – que reconhece reportagens dos fotógrafos portugueses, dos PALOP e da Galiza, ou feitas por estrangeiros nestes territórios  arrancam este sábado, dia 27 de Fevereiro, e prolongam-se até 31 de Março.

Reconhecendo “as dificuldades e constrangimentos que afectam o trabalho dos fotojornalistas no contexto actual, com cada vez menos meios, tempo e espaço para trabalhos de reportagem”, a organização criou uma nova categoria, a de Fotografia do Ano. “A ideia é poder premiar o trabalho daqueles que tendo vontade de participar não conseguem, no entanto, reunir o material suficiente para uma boa história”, pode ler-se num comunicado do Estação Imagem. As restantes sete categorias mantêm-se: Notícias, Assuntos Contemporâneos, Vida Quotidiana, Arte e Espectáculos, Ambiente, Série de Retratos e Desporto. Bem como o Prémio Noroeste Peninsular, “com vista ao aprofundamento das ligações entre o Norte de Portugal e a Galiza, que tem este ano como tema "O Vinho e a Vinha”: “Dos modernos vinhedos da Rias Baixas ao planalto transmontano, das encostas do Sil aos vales Minho, Lima ou Cávado, a terra e as gentes dão aos vinhos qualidades e características comuns”.

A cerimónia de anúncio e entrega de prémios aos vencedores do concurso decorre na manhã de sábado, dia 16 de Abril, seguida de uma conferência dos membros do júri, no Teatro Municipal Sá de Miranda. No mesmo dia à tarde será inaugurada a exposição Filigrana – A tradição ainda é o que era, de António Pedro Santos, vencedor da Bolsa 2015, no espaço dos antigos Paços do Concelho. Mais tarde, de novo no Teatro Sá de Miranda, João Silva fala dos seus trabalhos na África do Sul, no Afeganistão e no Iraque. Entre 13 e 17 de Abril haverá ainda outras exposições, documentários e projecções em diversos locais da cidade.

João Silva nasceu em Lisboa em 1966. Ainda criança, emigrou com os pais para Moçambique e, dez anos depois, para a África do Sul. Começou a fotografar aos 23 anos, ao serviço do jornal regional Alberton Chronicle, de Joanesburgo, cidade onde vive. Fez-se notar pela primeira vez em 1992, quando venceu o Ilford Press Photograper of the Year por um trabalho publicado no jornal The Star. A cobertura do quotidiano de violência entre apoiantes de Nelson Mandela e Buthelezi nos arredores de Joanesburgo valeram-lhe reputação, trabalho muitas vezes realizado ao lado de Kevin Carter, Greg Marinovitch e Ken Oosterbroek, quarteto que ficou conhecido como bang bang club. Depois da morte de Oosterbroek, em 1994, e Carter, no mesmo ano, Silva e Marinovitch decidiram relatar em livro as suas experiências dos tempos entre o fim do apartheid e as primeiras eleições livres. João Silva trabalhou como freelancer para as agências Reuters e Associated Press. Trabalha para o New York Times desde 1996. É um dos fotógrafos da agência PictureNet e já foi distinguido com duas menções honrosas nos prémios World Press Photo. Em Outubro de 2010, foi gravemente ferido no Afeganistão enquanto trabalhava para o Times, onde continua como fotógrafo do quadro.

No ano passado, Bruno Simões Castanheira foi o vencedor do Prémio Estação Imagem 2015 com o ensaio A troika foi embora, mas a austeridade ficou.

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