U.Project quer ligar os estudantes ao mercado de trabalho

"Start-up" nascida no UPTEC, no Porto, tem como objectivo colmatar a falta de oportunidades que os estudantes universitários têm em mostrar o seu talento às empresas. Lançamento marcado para 18 de Fevereiro

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Pixabay

A U.Project faz a ponte entre estudantes universitários com vontade de trabalhar e "start-ups" que precisem de talentos para crescer. Depois de alguns meses a afinar pormenores, o projecto é apresentado no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) a 18 de Fevereiro.

“Sendo estudante, apercebi-me da falta de oportunidades que os próprios estudantes têm em mostrar o seu talento. Somos muito julgados por médias e pelas faculdades onde andamos e isso não é verdade. Cada um tem o seu próprio talento”, começa por dizer Bruno Silva ao JPN. E foi essa falta de oportunidade que levou o estudante de mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) a criar a U.Project, como meio de potenciar qualidades e aproximar os estudantes do mercado de trabalho.

A ideia inicial era dar seguimento a projectos e trabalhos escolares que ficavam inacabados durante as aulas. Com a entrada para o programa da Escola de Start-ups do UPTEC, em Setembro de 2015, o projecto ganhou forma e mudou de rumo. Hoje, a U.Project quer fazer a ponte entre os estudantes e locais que possam aproveitar as mais-valias de cada um deles. Mas que locais? As “start-ups”, que são "totalmente diferentes das empresas grandes e estão à procura de gente nova, inovadora, qualificada, que permita à equipa um meio diferenciador", esclarece Bruno Silva.

A colaboração é a chave para fazer a máquina funcionar. Se, por um lado, há jovens com vontade de adquirir experiência no mundo do trabalho, por outro há “start-ups” interessadas em ideias fora da caixa. A U.Project estabelece a ligação entre as partes interessadas, ajudando os estudantes a ganharem dinheiro enquanto estão na universidade e os projectos a crescerem no mercado.

Ainda que a apresentação formal do projecto esteja marcada para o 18 de Fevereiro, no próximo Pitch Day do UPTEC, já há estudantes e “start-ups” interessadas em participar. Os últimos meses serviram para limar arestas, rever detalhes, suprimir problemas e está quase tudo pronto para arrancar. A equipa da U.Project está a trabalhar no site do projecto, que será uma ferramenta essencial para criar pontes e ligações. "[O site] vai permitir que os estudantes se inscrevam na nossa organização e as 'start-ups' também", refere o presidente.

A par disso, a equipa está a preparar a comunicação e o marketing associados a uma campanha de "crowdfunding" para obter fundos que permitam legalizar a organização e o seu funcionamento durante um ano. Esta campanha conta com o apoio da "start-up" EcoBook e, ainda, com parceiros de outros pontos do país e do estrangeiro, uma vez que o objectivo é expandir.

O processo

O trabalho da U.Project é fazer o "match" entre o que uma "start-up" precisa e o que um estudante tem para oferecer, diminuindo as burocracias. Após a pré-selecção, a "start-up" que está a contratar pode escolher entre os candidatos indicados pela organização ou atribuir à organização o poder de escolher o melhor candidato para a tarefa pedida. Além de se adaptar às necessidades específicas de cada "start-up", a U.Project vê as necessidades dos estudantes como algo indispensável no processo de selecção dos candidatos.

"O estudante também tem as suas preferências, também vemos aquilo que quer. É muito adaptativo. Nós pretendemos adaptar-nos aos dois lados. E a dar aquilo que nenhum dos lados tem: alguém que se ponha na pele deles, perceba a sua realidade e faça jus às necessidades que têm”, explica o fundador do projecto.

Meio diferenciador e multidisciplinar

Uma organização sem fins lucrativos: é assim que Bruno Silva caracteriza a U.Project, que conta com quatro membros para além do presidente. Uma das premissas é que todos sejam estudantes, uma vez que é com e para estudantes que o projecto trabalha. “É tudo em regime de voluntariado para tentar levar este projecto à frente, de alma e espírito e amor à camisola. Estamos todos a dar tudo o que temos para o levar a melhor porto”, refere Bruno Silva.

Os envolvidos na U.Project são das mais variadas áreas, o que tem sido uma grande mais-valia para aprender a lidar com diferentes situações. O percurso desenvolvido no UPTEC é apontado pelo presidente como fundamental para validar o projecto e fazê-lo crescer. "Todas as 'start-ups' se ajudam umas às outras, não é num nível de competição, todas estão a tentar validar a ideia do outro. É fazer um bocado de 'advogado do diabo' das ideias uns dos outros para que todos cresçam", conclui Bruno Silva. "O UPTEC tem o ecossistema perfeito para isso, é fantástico. Eu sei que a minha ideia, a partir do momento que entrou lá, teve uma revolução total e agora é sustentável e está pronta para se lançar."

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