Rússia decreta embargo a produtos alimentares ucraninanos

Medida já visava vários países ocidentais, incluindo os da União Europeia.

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A economia ucraniana vai ressentir-se da retaliação russa Filip Klimaszewski/Reuters

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, confirmou esta segunda-feira que a Rússia vai alargar à Ucrânia o embargo sobre os produtos alimentar já imposto aos países ocidentais. A medida vai ser accionada a partir do dia 1 de Janeiro, data em que entra em vigor o acordo de comércio livre entre Kiev e a União Europeia.

“Já assinei o decreto”, declarou o chefe de governo, citado pelas agências russas depois de uma reunião com os seus vice-primeiros-ministros, e numa altura em que estavam previstas reuniões em Bruxelas destinadas, precisamente, a evitar este desfecho.

A Rússia ameaçava há meses aplicar esta medida de retaliação já imposta desde o Verão de 2014 aos países ocidentais (incluindo a UE) que aplicaram sanções à Rússia por causa da anexação da Crimeia e da crise no Leste da Ucrânia. Sanções essas que voltaram a ser prolongadas por mais seis meses.

Mas Moscovo também vinha repetindo que só avançaria com a retaliação se fracassassem as negociações em curso entre a Rússia, a Ucrânia e a União Europeia sobre a aplicação do acordo de associação euro-ucraniano. Para esta segunda-feira estavam previstas conversações ao nível ministerial, não se sabendo se chegarão a ser realizadas.

Na semana passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, já tinha assinado um decreto excluindo a Ucrânia da zona de comércio livre que liga vários países da ex-União Soviética.

E Moscovo não se cansa de repetir que o acordo de comércio livre entre a Ucrânia e a União Europeia vai inundar o mercado russo de produtos europeus se o país não tomar medidas proteccionistas, algo que é refutado pela Comissão Europeia. Seja como for, a partir do dia 1 de Janeiro todos os produtos provenientes da Ucrânia serão sujeitos a taxas aduaneiras para entrarem na Rússia.

Medvedev repetiu esta segunda-feira que a Rússia “tem que proteger o seu mercado e os seus produtores e não pode deixar entrar mercadorias provenientes da Ucrânia mas que na verdade vêm de outros países”.

Em Kiev, o Presidente Petro Porochenko reconheceu que a suspensão por Moscovo das tarifas preferenciais “vai prejudicar” a economia ucraniana. “Mas nós estamos dispostos a pagar esse preço pela nossa liberdade e pela nossa escolha europeia”, disse.

Moscovo e Kiev estão envolvidos numa crise sem precedentes depois da chegada ao poder dos pró-europeus na Ucrânia no início de 2014, no seguimento da anexação da Crimeia e do início do conflito com os separatistas pró-russos no Leste do país, que fez nove mil mortos.

No plano financeiro, Kiev recusou-se a reembolsar um crédito de três mil milhões de dólares emprestados pela Rússia em 2013 ao regime pró-russo do Presidente de então, Viktor Ianukovitch. A data limite para o pagamento foi no domingo e Medvedev já pediu ao seu governo para “preparar todas as decisões necessárias para recorrer à justiça” e avançar com um processo judicial “com tenacidade” contra a Ucrânia.

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