Tekever: dos sistemas de informação para telemóveis a voos mais altos

A Tekever, grupo tecnológico que produz desde drones a componentes para satélites venceu ex-aequo o Prémio PME Inovação COTEC-BPI.

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Ricardo Mendes, administrador e um dos fundadores do grupo Tekever Enric Vives Rubio

Na cronologia da internet, falar dos telemóveis do início do milénio remete-nos para uma era quase pré-histórica. A comunicação entre dispositivos móveis fazia-se essencialmente por SMS, chamadas de voz e pouco mais.

Foi por aí que começou a Tekever, na viragem do século. “Tecnologias que precederam aquilo que é hoje a internet nos telemóveis”, refere Ricardo Mendes, administrador e um dos fundadores do grupo que teve origem numa empresa criada por ex-colegas de engenharia informática do Instituto Superior Técnico, em 2001.

Inicialmente, a Tekever começou por trabalhar na área da inteligência colectiva, ou seja, no cruzamento entre o software, as comunicações móveis e a aplicação destas tecnologias a pequenas coisas. A ideia de ligar todos os dispositivos em todo o lado – que hoje é possível através da proliferação de smartphones, smartwatches e tablets – teve início em “coisas muito pequeninas”, explica Ricardo Mendes, como “os primeiros telemóveis em que se conseguia programar em SIM toolkit e em Java”.

Foi nesta área que nasceu o primeiro produto da empresa, o More. Trata-se de uma plataforma de software que permite que “pessoas inseridas em organizações consigam colaborar para atingir objectivos comuns”, explica o administrador. O suporte do mobile banking ou a gestão de forças de trabalho na rua através de dispositivos móveis são apontadas pelo gestor como utilizações práticas do primeiro produto da Tekever, ainda hoje comercializado.

Assente nessa tecnologia desenvolvida nos primeiros anos, seguiu-se o processo de internacionalização. Depois de conseguir criar um primeiro produto, descreve Ricardo Mendes, a empresa começou a “a abrir escritórios e a criar uma rede fora de Portugal para o conseguir comercializar".

A empresa cresceu para se tornar num grupo com escritórios nos Estados Unidos, Brasil, China, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos e em 2015 é a vencedora do Prémio Cotec Inovação.

A gestão mais organizada e eficiente de recursos humanos tornou-se também na base para produção de drones e satélites, as áreas que dão actualmente maior visibilidade à empresa.

O grupo reparte-se em duas grandes actividades: a divisão de tecnologias de informação e a divisão aeroespacial, de defesa e segurança. Apesar de a segunda atrair maior atenção dos media, ainda são as tecnologias de informação a representar uma maior fatia na facturação da Tekever. Com um volume de negócios de 20 milhões de euros em 2014 (85% dos quais corresponde ao mercado externo), Ricardo Mendes prevê um aumento para 23 milhões em 2015 neste indicador.

Na divisão aeroespacial, de defesa e segurança destacam-se os drones e a colaboração com vários consórcios de satélites, com participação em projectos da Agência Europeia de Segurança Marítima e da Agência Espacial Europeia (ESA).

Para além de operações das forças de seguranças, de busca e salvamento e de vigilância marítima, a nível empresarial, os aparelhos da empresa podem ser utilizados em actividades como agricultura de precisão e vigilância de infra-estruturas.

Depois de ter produzido componentes para satélites em projectos da ESA, a empresa está a trabalhar, em parceria com a Universidade do Porto, no fabrico de um satélite inteiramente português, o Gamasat.

Para o próximo ano está prevista a abertura de uma unidade de fabrico de drones em Ponte de Sor, que deverá iniciar a produção no segundo trimestre e representa um investimento de cinco milhões de euros. Com o arranque desta estrutura, onde serão fabricados drones de grande envergadura (150 kg e 4,3 metros de envergadura), a Tekever calcula passar dos actuais 150 trabalhadores para cerca de 200.

Ricardo Mendes sublinha que 100% dos resultados da empresa “são reinvestidos”, sendo que cerca de 25% do orçamento anual é investido em investigação e desenvolvimento (I&D).

 “O último passo da simplicidade de interacção”, como lhe chama Ricardo Mendes, será controlar drones através de ondas cerebrais, sem necessidade de comandos manuais. Ainda é uma tecnologia em desenvolvimento, mas a empresa espera ser capaz de a aplicar a um produto comercializável no futuro.

 

Nome: Tekever Tecnologias de Informação S.A.

Volume de negócios: 20 milhões

Sede: Parque das Nações, Lisboa

Produtos: Sistemas de informação, aviões não tripulados

Trabalhadores: 150

Mercados Externos: representam 85% do seu volume de negócios

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