Tamara Adrián é a primeira deputada transexual da Venezuela

Das eleições venezuelanas de 6 de Dezembro resultou uma histórica maioria de dois terços da oposição no Parlamento — mas não só. Tamara Adrián, 61 anos, é a primeira deputada transexual eleita naquele país sul-americano

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Tamara Adrián tem 61 anos e é doutorada em Direito Comercial DR

Tamara Adrián é uma conhecida activista pelos direitos humanos da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Intersexuais) na Venezuela. Nasceu há 61 anos como Tomás Adrián, é advogada e foi eleita deputada suplente à Assembleia Nacional venezuelana por Caracas pelo partido Vontade Popular, um dos 27 que integram a Mesa da Unidade Democrática (MUD). Tamara tornou-se, assim, na primeira deputada transexual daquele país sul-americano.

A eleição da advogada é histórica, bem como a maioria de dois terços da oposição no parlamento. O Partido Socialista Unido (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, elegeu 55 deputados, contra 112 da MUD, nas eleições de 6 de Dezembro. Na segunda-feira, 7, Tamara disse ao sie “Out”: “Ontem, a Venezuela demoliu o seu Muro de Berlim.”

A igualdade está no topo das prioridades para Tamara, que fez terapia hormonal durante 15 anos antes de realizar a cirurgia de reatribuição de género, em 2012. A partir de 5 de Janeiro de 2016, quando o novo parlamento inicia funções, a venezuelana suplente de Tomás Guanipa promete continuar a ser uma voz pela defesa da comunidade LGBTI.

O projecto do casamento civil igualitário entregue na Assembleia Nacional em Janeiro de 2014 por movimentos LGBTI, que pretende a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, é a prioridade de Tamara, escreve o portal “Contraponto”. As leis de identidade de género e contra a discriminação também fazem parte da agenda política da deputada.

Uma vez que a identidade com base no desenvolvimento da personalidade não é reconhecida legalmente na Venezuela, os eleitores que foram às urnas elegeram Tomás Adrián, o nome que consta da cédula de identidade da doutorada em Direito Comercial pela Université Panthéon-Assas de Paris, mãe de dois filhos.

“Temos que falar sobre os direitos dos casais e das famílias, a lei da identidade de género, a mutilação de crianças intersexuais e a discriminação, que inclui crimes de ódio, ‘bullying’, assédio no local de trabalho e acesso a habitação e cuidados de saúde”, disse ao “Out”.

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