Polícia investiga esfaqueamento no metro de Londres como "incidente terrorista"

Testemunhas dizem que o agressor afirmou agir em retaliação pelos ataques aéreos na Síria. Um homem de 56 anos foi ferido com gravidade.

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Autoridades investigam a estação de Leytonstone, onde ocorreu o incidente que provocou três feridos NEIL HALL/REUTERS

Um homem esfaqueou duas pessoas numa estação de metro no Leste de Londres, ao início da noite de sábado, num incidente que a polícia britânica suspeita que poderá ter tido motivações terroristas. Testemunhas dizem ter ouvido o agressor afirmar que agia em retaliação pelos bombardeamentos britânicos na Síria, iniciados dois dias antes, o que as autoridades não comentam.

Desde Agosto de 2014 que a ameaça terrorista no país permanece no nível 4 – o segundo mais elevado da escala, indicando que a hipótese de um atentado é “altamente provável” – e as forças de segurança redobraram a vigilância após os ataques que a 13 de Novembro fizeram 130 mortos em Paris. Quarta-feira, na sessão do Parlamento em que foi autorizada a extensão dos ataques aéreos à Síria, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o Reino Unido era já um dos alvos preferenciais na lista do Estado Islâmico, repetindo que os jihadistas seriam responsáveis ou inspiradores de sete planos de ataques inviabilizados pela polícia no último ano.

O alarme soou pouco depois das 19h, quando o atacante, que se pensa ter 29 anos, esfaqueou um homem de 56 anos junto aos torniquetes de entrada da estação de Leytonstone, a dez quilómetros do centro de Londres, na linha que atravessa a capital britânica de Leste a Oeste. A vítima sofreu ferimentos graves, mas não corre risco de vida, e o atacante conseguiu ainda esfaquear sem gravidade um segundo homem – uma mulher foi também ameaçada, mas não terá sido ferida, revelou depois a polícia.

Nos oito minutos que as forças de segurança demoraram a chegar ao local, o agressor terá ameaçado outros passageiros, alguns dos quais filmaram a cena nos seus telemóveis, incluindo o momento em que um agente neutraliza o atacante com a descarga eléctrica de uma arma taser. “Ele gritava: ‘Isto é tudo por causa do povo sírio’”, contou uma testemunha à rádio LBC. O jornal The Guardian cita outro passageiro que contou no Twitter ter visto o homem a ser levado pela polícia enquanto gritava: “Isto é o que vos acontece quando f… a mãe Síria, todo o vosso sangue será derramado”.

A polícia londrina recusou comentar estas informações, mas Richard Walton, comandante da unidade de contraterrorismo da Scotland Yard, revelou, ainda no sábado à noite, que o caso “está a ser tratado como um incidente terrorista” e pediu à população para se manter “calma, mas alerta e vigilante”. Neste domingo, a polícia revistou um apartamento no Leste de Londres e adiantou que o suspeito está para já acusado de “tentativa de homicídio”, adianta a AFP

A confirmar-se a motivação terrorista, o ataque assemelha-se ao assassínio, em plena rua num bairro do Sul de Londres, do soldado Lee Rigby, atropelado e esfaqueado por dois recém-convertidos ao islão, numa acção típica de "lobos solitários", indivíduos que ajem inspirados pela propaganda de grupos terroristas, mas sem apoios externos.

Depois de os ataques de Paris terem reactivado o debate sobre o islamismo, os extremismos e a violência, inúmeros britânicos elogiaram nas redes um passageiro que, numa dos vídeos colocados online, se ouve a gritar para o atacante: “Tu não és muçulmano, irmão”. Neste domingo, a hashtag #youaintnomuslimbruv era uma das mais partilhadas no Twitter.

 

 

 

 

 

 

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