Jazz no Porto vai voltar a franquear a porta do Teatro Rivoli

Festival Porta Jazz realiza-se nos dias 7 e 8 de Dezembro.

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Coreto, banda da associação Porto Jazz, vai encerrar o festival no palco principal do Rivoli Carlos Azevedo

Depois de cinco anos a pisar o palco do Cinema Passos Manuel, o festival Porta Jazz vai, à sexta edição, mudar-se para o Teatro Municipal Rivoli.

Trata-se de uma transferência ainda “experimental”, mas que, a prazo, poderá vir a suprir o desaparecimento, acontecido em 2006, do Festival de Jazz do Porto, que nas últimas edições da sua década e meia de duração se realizou também na sala principal do Rivoli.

Este propósito foi enunciado na tarde desta terça-feira, na apresentação da programação do próximo festival, que vai ter lugar nos dias 7 e 8 de Dezembro nos diferentes palcos do teatro municipal portuense.

Ao longo de dois dias e certamente mais de vinte horas de programação, haverá 11 concertos reunindo meia centena de músicos, e ainda duas jam sessions com estudantes da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE).

O concerto de abertura acontecerá às 18h do dia 7 com a actuação do multi-instrumentista e compositor Rui Teixeira & Orquestra Fina; o de encerramento caberá ao Coreto, uma orquestra de 12 músicos que é uma espécie de montra da Porta Jazz, e que, numa evocação da herança deixada pelo Festival de Jazz do Porto, irá interpretar vários temas que ao longo da sua existência foram encomendados a músicos e compositores portugueses, como Carlos Azevedo, Mário Santos, Nuno Ferreira, Paulo Gomes, Paulo Perfeito ou Pedro Guedes – que, de resto, serão convidados a subir também ao palco do Auditório Manoel de Oliveira, numa espécie de transmissão de testemunho à nova geração que está a marcar a vida do jazz na cidade.

Outra das marcas mais evidentes na programação do festival deste ano está no aumento da participação de músicos estrangeiros. Na apresentação do calendário, os músicos João Pedro Brandão (saxofone) e Eurico Costa (guitarra), da direcção da associação Porto Jazz, chamaram a atenção para as presenças do baixista dinamarquês Anders Christensen (que tocou já com Paul Motion, Lee Konitz e Joe Lovano) no quarteto do baterista Marcos Cavaleiro; do irlandês radicado em Nova Iorque Simon Jermyn, integrando o quarteto The Nada (numa jam-session que fará o cruzamento do Porta Jazz com o Porto/Post/Doc, festival que termina nessa noite de 7 de Dezembro) e também o projecto de Susana Santos Silva, Impermanence; do contrabaixista argentino Demian Cabaud, em formação de quarteto; ou do pianista suíço (também a viver em Nova Iorque) Sebastien Ammann, com a banda do saxofonista português João Guimarães.

Na conferência de imprensa de apresentação do 6.º Porta Jazz, João Pedro Brandão elencou os números e factos reunidos passados cinco anos sobre a formação da associação: a realização de mais de 400 concertos (120, só este ano), o lançamento de uma etiqueta discográfica, uma rádio on-line e um programa no Canal 180, além de uma plataforma de apoio à criação e à performance musical de “uma comunidade de instrumentistas e estudantes que actualmente se conta em várias centenas, só na cidade do Porto”.

Em paralelo com a mudança de palco do festival, a associação Porta Jazz vai também mudar de casa, mas mantendo-se na Avenida dos Aliados, no edifício Montepio, que substitui o edifício Axa no acolhimento de vários projectos e companhias da cidade – mais uma decisão do pelouro da Cultura da Câmara do Porto que, pela voz de Guilherme Blanc, adjunto de Rui Moreira nesta área, e ao lado de Tiago Guedes, director do Rivoli, apresentou a nova parceria com a Porta Jazz como “um noivado que pode vir a dar em casamento”.

O Porto é uma cidade com forte tradição também no jazz, e tanto a Câmara como o Teatro Municipal querem “experimentar e medir a adesão do público” a este regresso do festival ao Rivoli, acrescentaram ambos os responsáveis.

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