Menina queimada por napalm na guerra do Vietname talvez agora deixe de ter dores

Foto
Kim Phuc, numa foto de arquivo, com a célebre imagem de 1972 DR

Durante muitos anos, Kim Phuc achou que só deixaria de ter dores e cicatrizes quando estivesse no céu. Agora pensa que esse céu pode ser na terra. É com esse espírito que aos 52 anos, mais de 40 depois de se ter tornado um símbolo vivo da guerra do Vietname, encara os tratamentos que desde o mês passado está a fazer em Miami, nos EUA.

Kim é a menina nua que em 1972 foi fotografada, com outras crianças, a fugir de um bombardeamento com napalm que militares sul-vietnamitas fizeram acidentalmente à sua aldeia, Trang Bang, nos arredores de Saigão.

Tinha nove anos e não mais deixou de ter dores que,diz, nos momentos mais difíceis, só a fé cristã a ajudou a suportar. Nem cicatrizes provocadas por queimaduras graves que lhe cobrem mais de um terço do corpo, incluindo o braço esquerdo e parte das costas até ao pescoço.

Agora, 43 anos depois, Kim, que é hoje uma embaixadora das Boa Vontade da UNESCO, organização das Nações Unidas para a ciência e cultura, começou uma série de tratamentos que podem mudar a sua vida.

Depois de ter contactado para uma primeira consulta Jill Waibel, dermatologista do Miami Dermatology and Laser Institute, especializada em tratamentos de pacientes com queimaduras, a instituição ofereceu-lhe o tratamento. Jill Waibel garante que o tecido da grossa cicatriz ficará mais macio e suave e – não menos importante – os danos a nível nervoso que lhe provocam as dores serão corrigidos, permitindo-lhe aliviar o sofrimento.

Ouvida pela Associated Press (AP), a médica acredita que com mais sete tratamentos, nos próximos oito ou nove meses, Kim poderá finalmente passar a ter uma vida sem dores com o marido e os dois filhos, de 21 e 18 anos, nos arredores de Toronto, no Canadá, onde obteve asilo no início dos anos 1990.

Nick Ut, autor da célebre fotografia das crianças a fugirem do bombardeamento, premiada com um Pulitzer, hoje com 65 anos, está também a acompanhar, e a fotografar, esta nova fase da vida de Kim. O repórter, que então a levou ao hospital na carrinha de trabalho da AP, e a quem Kim passou a chamar “tio”, lembra-se bem das queixas e do choro da menina naquele dia 8 de Junho de 1972. “Muito quente! Muito quente!”

 

 

 

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