Atrás das linhas inimigas

Uma primeira meia-hora notável revela um realizador capaz de filmar acção com garra e inteligência.

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Os primeiros 30 minutos de ‘71 são algum do melhor cinema de acção que vimos nos últimos anos. Viscerais, electrizantes, sem dar descanso ao espectador, acompanham o treino de um soldado britânico enviado para Belfast, em 1971, no pico dos Troubles da Irlanda do Norte, e a sua primeira operação no terreno, que corre tão mal que ele dá por si sozinho por trás das “linhas inimigas” sem estar preparado. Seria bom que Yann Demange, estreante na longa-metragem vindo da TV britânica, conseguisse manter o filme ao mesmo nível; o seu tratamento do espaço e do ritmo mete no chinelo aquilo que hoje passa por “acção” na indústria americana, mas o argumento do dramaturgo Gregory Burke acaba por se conformar em demasia à fórmula do thriller. Mas, com um final desencantado, muito inglês, saímos desta bela estreia com a sensação de ter visto fita que pede meças a todo o blockbuster que quiser ir a jogo.

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