Portugal no Diálogo 5+5 para debater soluções para a “tragédia” do Mediterrâneo

Reunião desta quarta-feira em Tânger terá especial enfoque nos migrantes e nos riscos do tráfico humano e do terrorismo.

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Miguel Manso

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dez países do Mediterrâneo Ocidental - Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia – reúnem-se esta quarta-feira na capital marroquina para discutir soluções para a crise dos migrantes no Mediterrâneo. O chefe da diplomacia portuguesa, Rui Machete, abriu a sessão destacando a “tragédia” e a ”gravidade da situação” que obriga a uma resposta “rápida” e “conjunta”.

No discurso do ministro português, que co-preside a reunião em conjunto com o seu homólogo marroquino, a situação de “milhares de pessoas que arriscam a sua vida e a da família” obriga a comunidade a responder com medidas de curto prazo que visem, por um lado, “ajudar as pessoas mais necessitadas de uma ajuda internacional e, por outro, a lutar contra o tráfico humano.”

Ao mesmo tempo, deve-se “atacar as causas estruturais da insegurança, fragilidade e pobreza que afectam os países de origem”. Rui Machete relembrou que para que tal seja possível, os temas centrais da discussão devem passar pela promoção da paz e dos Direitos Humanos, pela participação cívica dos jovens e a evolução para a democracia. 

O ministro do Negócios Estrangeiros abordou ainda a “ameaça crescente” do terrorismo internacional, que põe em causa a paz e segurança, e demonstrou preocupação com o aumento da influência de grupos terroristas como o Estado Islâmico na região do Mediterrâneo.

“O agravamento do terrorismo e a sua confluência com outros tráficos que assolam a sub-região do Sahel (fronteira da África subsariana) apelam, claramente, a reforçar o diálogo e a cooperação” salientou, acrescentando que estes assuntos constituem o verdadeiro núcleo das preocupações da Europa do Sul e Norte de África, que ultrapassam em muito as fronteiras nacionais e que são susceptíveis de influenciar o desenvolvimento dos países no futuro.

Rui Machete referiu ainda “outra ameaça séria” com impactos socio-económicos em larga escala quando falou da pirataria no Golfo da Guiné. Porque a zona é “uma plataforma importante do transporte marítimo internacional numa região em que se encontram alguns dos maiores produtores mundiais de petróleo, a região é um elemento-chave para a segurança energética e para o comércio internacional”.

O ministro mencionou a participação portuguesa regular em exercícios conjuntos no Golfo da Guiné e a cooperação com esforços internacionais para a estabilização da região africana do Sahel.

Portugal deverá entregar esta quarta-feira  a França a co-presidência do Diálogo 5+5, depois de dois anos ao leme desta entidade informal que tem por objectivo reforçar o diálogo político e a cooperação em áreas de interesse comum entre os países da bacia ocidental do Mediterrâneo e promover o desenvolvimento económico do Magrebe.

 

Notícia editada por Leonete Botelho

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