Quanto vale a palavra de um anticomunista? “Um tostão furado”, diz Jerónimo

Num almoço-comício que juntou 800 apoiantes em Alpiarça, o líder da CDU argumentou que o voto “não pode ser útil só para quem o recebe, mas também para quem o dá”.

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Dois contra um foi a táctica usada este domingo em Alpiarça pela CDU para atacar a direita. Do lado dos comunistas, Jerónimo de Sousa e António Filipe; do lado da coligação Portugal à Frente (PaF), Pedro Passos Coelho. O resultado saber-se-á no domingo, mas hoje o jogo resume-se à argumentação de que as promessas e declarações do anticomunista Passos Coelho “valem tanto quanto um tostão furado”.

Num almoço-comício que juntou 800 apoiantes num enorme pavilhão de exposições em Alpiarça, tanto o secretário-geral do PCP como o deputado eleito e novamente candidato pelo distrito de Santarém também afastaram a possibilidade de existência de uma maioria absoluta seja para PS ou para a PaF no próximo domingo.

"Ontem [sábado] ou hoje, já não sei, Passos Coelho veio dizer ‘nós consideramos que neste momento não vamos cortar mais nos salários, nem vamos cortar mais nas pensões’. As promessas e declarações de Passos Coelho, tendo em conta o que disse no passado e fez no presente, valem tanto como um tostão furado”, disse Jerónimo entre aplausos. “Não têm credibilidade nenhuma porque mentiu quando disse que não cortava pensões e reformas e cortou, quando disse que não cortava salários e cortou, quando disse que que não atingia os mais pobres e atingiu. Então a sua palavra vale zero. Vale zero", insistiu.

Classificando a declaração como “aparentemente bem intencionada”, o líder comunista avisou: “Significaria que aquilo que todos vós perdestes nestes quatro anos nada seria devolvido. Ou seja, Passos Coelho diz que quer pôr o conta-quilómetros a zero para manter as injustiças, para manter todo o seu programa de extorsão do povo e dos seus direitos.”

Antes de Jerónimo, o ataque viera também de António Filipe. O deputado comunista que volta a ser cabeça-de-lista da CDU pelo distrito de Santarém e que é também um dos vice-presidentes da Assembleia da República acusou Passos Coelho de ter trazido “o anticomunismo para a campanha eleitoral, ameaçando com a possibilidade de os comunistas chegarem ao Governo”. “É um bom sinal; têm medo que lá cheguemos. E quando vemos Passos Coelho e António Costa a gritar cada vez mais alto pela maioria absoluta, é porque a maioria absoluta está cada vez mais longe. É um bom sinal também", congratulou-se o comunista.

António Filipe criticou ainda os seus concorrentes directos das listas do PS e PaF. Lembrou que José Vieira da Silva, número um dos socialistas, foi ministro do Trabalho de José Sócrates e responsável por “atentados aos direitos dos trabalhadores”, introduzindo, por exemplo, o banco de horas. E Teresa Leal Coelho (PaF), que “mente tão descaradamente como o primeiro-ministro”, chegou a defender a aplicação de sanções para os juízes do Tribunal Constitucional indicados pela direita e que decidissem contra o Governo – uma referência ao facto de o TC ter chumbado diversas medidas de austeridade do executivo de Passos Coelho.

Uma das mistificações da campanha apontadas por Jerónimo de Sousa é a questão do voto útil. Este é um dos principais problemas com que a CDU se vê confrontada nestas eleições, podendo fugir-lhe votação da esquerda para o PS. “O voto não pode ser útil só para quem o recebe, mas também para quem o dá”, defendeu Jerónimo de Sousa.

O líder comunista não se cansa, por isso, de apontar as semelhanças entre as políticas passadas e as propostas de socialistas e da direita. Para chegar à conclusão que o voto verdadeiramente útil é na CDU para “contrariar” o que PS, PSD e CDS fizeram de mau no país. “Quanto mais votos, mais possibilidade de defender na Assembleia da República para que se devolva aquilo que se tirou ao povo”, argumentou Jerónimo.

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