Nem música nem sexo

“Escola” é uma “instituição pública ou privada de ensino colectivo, onde são ministradas matérias de carácter geral ou especializado”. Setembro é o mês em que as escolas retomam como podem o seu funcionamento normal. Mas se a data de recomeço varia, há outro tipo de variações para este ano lectivo.

Variação 1: cortes no financiamento aos conservatórios impedem formação de turmas do 5.º ano, o primeiro do ensino articulado de música. Disse o ministro Nuno Crato: “Não há desinvestimento nenhum no ensino artístico.” O montante é “exactamente o mesmo do ano passado”, 55 milhões de euros. A directora pedagógica da Academia de Amadores de Música, Cristina Berruchi, tem outro entendimento: “O montante pode ser o mesmo, mas é mentira dizer que não existe uma redução do financiamento a várias instituições. Nós tivemos um corte de 17,7% e, das 13 escolas de ensino especializado de música da zona de Lisboa, há uma que teve uma redução de 40%.”

Variação 2: os métodos contraceptivos e as doenças sexualmente transmissíveis não são temas prioritários de Ciências Naturais nas metas curriculares do 9.º ano. “Gravíssimo”, disse o presidente da Associação de Planeamento da Família. O ministério lembrou ser “a Educação para a Saúde, e especificamente a Educação Sexual, de abordagem obrigatória e transversal em diferentes anos de escolaridade e disciplinas, por transcender a mera questão do sistema reprodutivo, da contracepção e das doenças sexualmente transmissíveis”.

“Ter a escola toda” significa “ser sabido, ser manhoso”. Um dicionário antigo regista a expressão “mandar alguém à escola”, isto é, “fazer-lhe sentir a sua ignorância”. Mesmo que seja doutorado. 

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