99 por cento de transpiração

Um documentário bem interessante sobre os bastidores da criação de moda

Foto
Dior e Eu é mais sobre os bastidores da criação do que sobre o glamour da moda DR

Um olhar menos atento poderá fazer pensar que o “eu” do título de Dior e Eu se refere exclusivamente a uma pessoa: o estilista belga Raf Simons, escolhido em 2012 para tomar conta da alta costura da casa parisiense.

Na verdade, contudo, o documentarista francês Frédéric Tcheng está mais interessado em múltiplos “eus”: não apenas o director criativo como também as mestras, as costureiras, os modelos, toda a gente que contribui para o sucesso de uma colecção para lá daqueles que dão a cara.

Dior e Eu

acompanha a montagem em tempo-recorde da primeira colecção de Simons na Dior, em 2012, mas é menos um documentário sobre o

glamour

da moda, e muito mais um filme sobre os bastidores da criação, os “99 por cento de transpiração” que já Edison dizia serem essenciais para o “um por cento de inspiração”, pontuado por citações retiradas das próprias memórias do costureiro (e lidas em

off

por um actor “a fingir” de Dior). É, infelizmente, nesse “diálogo” entre passado e presente que o filme de Frédéric Tcheng se perde um pouco — o “contra-relógio” da criação e montagem da colecção e a alternância entre pontos de vista chegam e sobram para tornar

Dior e Eu

um objecto bem mais interessante do que o tal olhar menos atento daria a entender.

Texto corrigido a 11/9/2015: retira último parágrafo relativo a outra crítica

Sugerir correcção
Ler 3 comentários