Presidente de Moçambique quer cativar investimento de Portugal

Dirigente moçambicano é acompanhado por uma comitiva de 60 empresários.

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Cavaco Silva e Filipe Nyusi Rui Gaudêncio

Cativar o investimento de Portugal é um dos objectivos da visita do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, a Lisboa. Esta quinta-feira, após um encontro com Cavaco Silva, o dirigente moçambicano foi claro quanto aos propósitos desta sua visita de Estado, a primeira que efectua fora do continente africano depois da sua tomada de posse em 15 de Janeiro passado.

“Viemos dar o sinal de que as economias de Moçambique e Portugal podem caminhar de mãos dadas, há possibilidade de desenvolvimento na agricultura, energia, turismo, transportes e pescas num mar que nunca termina”, disse Filipe Nyusi. Aliás, não é por caso que na comitiva presidencial moçambicana constam 60 empresários à procura de parcerias mas, também, de oportunidades de mercado para diversificar as suas exportações.

“Moçambique é uma ilha, precisamos de força”, disse o dirigente de Maputo, sintetizando a necessidade de sinergias e a obrigatoriedade de tornar mais atractiva a legislação do seu país ao investimento externo. “Queremos criar bases para o sector privado”, garantiu. “A tónica [da visita que termina nesta sexta-feira] são os encontros que vamos ter com empresários, a tónica é descobrir as barreiras que é preciso demolir”, insistiu.

“Queremos governar com o sector privado, não com egoísmo empresarial mas sim ganhar para o crescimento dos nossos países”, destacou o Presidente Filipe Nyusi. O investimento directo português em Moçambique atingiu os 360 milhões de dólares em 2014, quase o dobro dos 171 milhões registados em 2013.

Vistos demoram e são caros
Por outro lado, no final do ano passado estavam recenseados pelas autoridades consulares 23 mil portugueses, uma presença sempre em crescendo desde 2009. No entanto, existem entraves burocráticos, como o processo de obtenção de vistos que é considerado, por ambas as partes, como moroso e caro. Uma questão sensível para empresários e estudantes, que choca com a pertença de Portugal ao espaço Schengen e para a qual, nesta visita, ainda não foi encontrada uma solução.

Também  a vaga descontrolada de raptos na área metropolitana de Maputo e a instabilidade política entre o Governo moçambicano e a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique, na oposição) levaram intranquilidade à presença portuguesa. Por fim, as vicissitudes do preço do petróleo e do gás trouxeram mais sombras.

Sobre a proposta da Renamo da passada terça-feira do seu movimento e a Frelimo integrarem a comissão de paz, o Presidente Nyusi foi cauto. “Reservo a decisão para a Assembleia da República de Moçambique, tomei posse e jurei respeitar a Constituição, o Parlamento tem a palavra para decidir”. No entanto, o dirigente moçambicano sempre reafirmou o caminho para o bem-estar do seu país. “Um dos passos é a estabilidade a paz, sabemos que os conflitos são resultado da pobreza”, disse.

Entretanto, a presidência portuguesa do G-19, países financiadores do orçamento do Estado moçambicano, vai proceder à reforma da instituição. Criado há 11 anos, quando Moçambique se encontrava numa situação diferente bem longe do actual desenvolvimento económico e social, o G-19 deverá ter um desempenho de ajuda e não de controlo como até agora.

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