Jogos do Eixo Atlântico também podem ser recado político

Jogos decorrem no Porto, Matosinhos e Gaia entre 5 e 10 de Julho e devem mobilizar mais de duas mil pessoas

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Os Jogos começam em Julho Foto: Lucy Nicholson/Reuters

“Estes jogos representam o epicentro da resiliência frente à crise, ao modelo que nos querem impor. A cultura, o desporto, a política social, de juventude, de investigação são investimento e também uma forma de resistência. Esta é a mensagem que queremos enviar aos governos de Lisboa, Madrid ou Bruxelas. Dizer-lhe que as coisas têm que se fazer de outra maneira. [As decisões] devem ser partilhadas entre todos, com espírito de cooperação e solidariedade e não impondo-se políticas, como se está a fazer”, defendeu o secretário-geral do Eixo Atlântico, na Casa do Roseiral, onde se reuniu com representantes dos três municípios organizadores para apresentar os jogos deste ano.

Entre 5 e 10 de Julho, 1800 atletas com menos de 16 anos, acompanhados de equipas técnicas e membros da organização, em representação de 38 cidades da Galiza e do Norte de Portugal, vão espalhar-se por Porto, Matosinhos e Gaia, que acolherão as diferentes modalidades que compõem os jogos. Nascidos há 22 anos (Xoan Mao chamou-lhes “o programa de cooperação mais antigo e estável da Europa”), os jogos realizam-se de dois em dois anos, sempre em cidades diferentes. Os elevados custos associados ao evento desportivo, orçado em 350 mil euros, repartidos por várias entidades, levou as cidades portuguesas a associarem-se na organização desta 11.ª edição.

No Porto serão realizadas as provas de ténis – modalidade proposta pelas cidades organizadoras este ano – e atletismo cross, enquanto que Vila Nova de Gaia receberá os jogos de futebol 7 e andebol. Já Matosinhos fica com o grosso das modalidades, com a realização das provas de atletismo em pista e adaptado, natação e natação adaptada, voleibol feminino, basquetebol feminino e basquetebol masculino. Todas as provas são de acesso livre e os horários e locais exactos podem ser consultados em www.jogosdoeixo2015.pt.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que se revia nas palavras críticas de Xoan Mao e deu como exemplo de cooperação a “complementaridade de equipamentos que existe entre as cidades [da Frente Atlântica]”, esclarecendo. “Não devemos tentar replicar, por cobiça ou vontade de fazer obra. Por haver uma marina em Matosinhos ou Gaia não é necessário haver no Porto, os seus cidadãos estão bem servidos [com os equipamentos vizinhos]”, defendeu.

O autarca defendeu, contudo, que é preciso “ir mais longe”, precisando: “Espero que no futuro a Euro-região possa concorrer directamente aos fundos comunitários e não tenha de o fazer através do Estado central. Se conseguirmos fazer isso, teremos cumprido o papel do Eixo Atlântico”, disse.

O presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, e o vereador do desporto da Câmara de Gaia, José Guilherme Aguiar, manifestaram a convicção de que os jogos serão “um sucesso”, com este último a desejar que o exemplo de partilha agora posto em prática possa ser “replicado” no futuro.

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